Este estudo tem uma amostra de 3.500 pessoas, que aceitaram descarregar uma aplicação (‘app’) para ‘smartphone’ que acompanha todos os seus passos.
A consultora portuguesa PSE desenvolveu uma tecnologia para analisar a mobilidade dos cidadãos, que já comercializava a câmaras municipais, por exemplo, mas que está a ser aproveitada para medir o nível de confinamento, no contexto da pandemia de covid-19.
Este estudo tem uma amostra de 3.500 pessoas, que aceitaram descarregar uma aplicação (‘app’) para ‘smartphone’ que acompanha todos os seus passos, dia a dia, 24 horas por dia, recorrendo a geolocalização (GPS), explicou à Lusa fonte da empresa.
A amostra abrange pessoas das regiões do Grande Porto, Grande Lisboa, litoral norte, litoral centro e distrito de Faro e, para já, não há planos para alargar a outras regiões do país.
Já em comercialização desde novembro de 2019, os dados recolhidos pela ‘app’ estão a ser aplicados, sobretudo, na aferição de audiência da publicidade exterior e para auxiliar as câmaras municipais no ordenamento do território e na gestão de mobilidade e transportes.
Com a propagação do surto de covid-19, que obrigou os governos a adotar medidas de confinamento das populações, os promotores desta tecnologia viram uma oportunidade de utilizar os dados de que já dispunham para fazer uma análise, neste caso, à imobilidade dos portugueses.
Assim, a consultora cruzou os dados da taxa de contaminação por covid-19, em cada um dos 45 concelhos abrangidos pelo estudo, com a mobilidade real das populações e concluiu que o domingo de Páscoa foi o dia em que se cumpriu um maior confinamento: 79% permaneceu em casa e 93% próximo de casa.
Enquanto na semana da Páscoa de 2019 apenas 30% a 36% das pessoas permanecia em casa, esse valor oscilou, em 2020, entre os 54% e os 79%, ou seja, a saída de casa caiu para metade em três dos sete dias analisados (queda de 31 pontos percentuais em toda a semana).
Já o valor mínimo, durante o estado de emergência, foi obtido no dia 08 de abril, mas ainda assim contando com 54% da amostra em casa.
“Avaliando o nível de confinamento em casa, desde o início de março, vemos que os portugueses aderiram massivamente às orientações das autoridades, mas com algumas variações”, refere a empresa.
Antes da declaração do estado de emergência e do fecho das escolas, o confinamento em casa “natural” situava-se entre os 20% e os 30%, nos dias úteis, sendo cerca de 40% aos domingos.
“Importa agora avaliar como vai ser o comportamento dos portugueses nesta segunda metade de abril, sendo que a PSE vai naturalmente monitorizar a situação dia a dia”, sublinha.
Esta tecnologia possibilita, ainda, determinar que concelhos estão a ser mais e menos cumpridores no que diz respeito à recomendação de isolamento voluntário, isto é, os concelhos com mais risco de propagação de covid-19 e onde se podem esperar maiores taxas de crescimento da contaminação, se não houver interferência de outros fatores. São eles Ílhavo, Paredes, Felgueiras, Barcelos, Penafiel, Paços de Ferreira, Guimarães, Gondomar, Santo Tirso e Trofa.
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De acordo com a empresa, os dados já foram disponibilizados à Direção-Geral da Saúde, não tem ainda recebido resposta da entidade quanto à sua utilização.
A covid-19 é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa quatro mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.
Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, alguns países começaram a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos, como Dinamarca, Áustria ou Espanha, a aliviar algumas das medidas.
Em Portugal, o decreto presidencial que prolonga até 2 de maio o estado de emergência iniciado em 19 de março prevê a possibilidade de uma “abertura gradual, faseada ou alternada de serviços, empresas ou estabelecimentos comerciais”.
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