Já começou a preparar a sua herança digital?

Nos dias que correm, é tão importante deixar um legado físico como um legado digital.

*Texto de Isaltina Padrão, em Dinheiro Vivo

Esta é uma das principais conclusões que se podem tirar da intervenção de James Norris, neste primeiro dia do ClickSummit – conferência de marketing e vendas online – que decorre até dia 12 no Lispolis – Pólo Tecnológico de Lisboa.

“Quando uma pessoa morre, para os seus familiares e amigos, são importantes as coisas físicas que ela deixa, porque podem ser tocadas, cheiradas. Mas, é igualmente importante o seu legado nas redes sociais para puder, por exemplo, trocar informação com todos os seus seguidores. E se pensarmos bem, hoje vai-se muito mais ao Facebook do que às igrejas e aos cemitérios”. Isto mesmo foi o que James Norris disse ao Dinheiro Vivo, no final da sua intervenção sobre legado digital.

Este inglês, fundador da The Digital Legacy Association, sentiu necessidade de abordar esta temática quando, com 11 anos, assistiu ao funeral do pai. “Eu queria escolher uma música para a cerimónia. Pessoalmente, gostava de Guns N´Roses, mas não sabia se era apropriado para o momento nem se o meu pai gostava.”

Para frisar a importância de ter um legado digital, James Norris dá o exemplo de um comediante americano que deixou uma mensagem televisiva gravada e que foi transmita três anos após a sua morte por cancro na próstata. O conteúdo da mensagem era algo como “Não ignorem como eu fiz. Façam exames preventivos”.

Isto tocou Norris, que diz que “se foi possível fazer um alerta como este para a TV também é possível fazer para as redes sociais”. Tal como é possível deixar mensagens de algo que nunca se teve a coragem de dizer enquanto vivo.

Estes foram alguns dos exemplo de como fazer um memorial digital, algo que despertou o interesse de uma plateia numa temática “acutilante e provocante” como lhe chama Frederico Carvalho, o fundador da ClickSummit, que vai já a na sua 5.ª edição.

Aliás, foi por isso que Frederico Carvalho fez questão de ter Norris no evento que este ano conta com 40 oradores e que “está a correr muito bem. Basta dizer que está esgotado há vários dias”.

Como crescer e ter sucesso

Enquanto os trabalhos da manhã foram mais dedicados à ligação digital com o humanismo, à tarde, seguiram-se palestras mais voltadas para o empreendedorismo.

Exemplo disso mesmo, foi a intervenção do último orador do dia, James Sinclair. Também britânico, começou o seu primeiro negócio aos 15 anos e tem hoje um império nas áreas do entretenimento, lazer e formação em negócios. Todo isto gera receitas de mais de 10 milhões de euros e emprega mais de 350 funcionários.

Considerado “The UK’s Most Entertaining Business Speaker”, fez jus a este ‘título’ durante a sua palestra, que arrancou gargalhadas a um público sedento de dicas para o sucesso e atitude peculiar. “Eu sou um palhaço milionário”, confessa enquanto conta as suas vitórias e as suas derrotas.

Destas últimas, recorda um parque de diversões que não fracassou. Por isso é que não tem dúvidas de que para crescer com sucesso é necessário ser paciente e insistir. Nos dias de hoje há que “ter uma presença multiplataforma: estar em todo o lado, nos livros, conferências, vídeos, podcasts, etc”.

Esta é a sua receita e partilha-a com todos. Sim, porque as empresas “têm de ser boas, mas também têm de saber vender-se aos media”, algo que considera ser fácil hoje em dia. Aliás, segundo este orador, é fácil criar uma imagem pessoal, pode é levar anos a ter sucesso, se o chegar a ter.

Como exemplos de que o sucesso começou primeiro individualmente e só depois a nível empresarial dá o de Richard Branson e Steve Jobs. Ambos se tornaram verdadeiros casos de sucesso muito antes do que a Virgin e a Apple, respetivamente.

Daí que construir uma imagem seja fundamental para este orador, um verdadeiro entertainer que, pela forma como se relaciona com o público, cativa seguidores que se transformam em verdadeiros fãs. Esta é mais uma dica que James Sinclair deixa e fá-lo de forma natural.

Tanto solicitou, ora a brincar, ora a sério, que o seguissem no Twitter, que no gigante ecrã da sala foram aparecendo posts que, na sua maioria, elogiavam a sua performance. E assim, demonstrou como facilmente se pode crescer e ter sucesso. Claro que por trás está muito trabalho, persistência e, no seu caso, otimismo.