Hi Interactive. Experiências reais e virtuais de Portugal para o mundo

João Prior, CEO da Hi Interactive, na sede da empresa em Lisboa. ( Álvaro Isidoro / Global Imagens )

Empresa especialista em experiência de utilizador foi distinguida pela Deloitte este ano e projeta a sua internacionalização tendo como base a tecnologia do unicórnio português OutSystems.

Quantos negócios podem ser criados ou renascer a partir de uma plataforma simples (low code) criado em Portugal e chamado OutSystems? Um número sem fim. Um desses exemplos é a Hi Interactive, fundada há 10 anos por João Prior e que, em 2019, foi selecionada como uma das empresas tecnológicas com maior taxa de crescimento dos últimos quatro anos no ranking Deloitte Technology Fast 500 EMEA.

Este leiriense de 34 anos formado em design começou em 2009 um trabalho de evangelização para criar melhores experiências para os utilizadores digitais. “Na altura, ainda era algo pouco valorizado e visto com desconfiança”, algo que mudou entretanto. O projeto a solo depressa se tornou numa colaboração com amigos experientes em animação e tecnologia. 

“O  que funcionou como verdadeiro desbloqueador foi quando começámos a usar OutSystems, em 2013”, admite Prior, acrescentando: “a decisão abriu-nos um novo mercado e deu-nos a credibilidade que necessitávamos para sermos considerados”. Tudo começou com a sugestão de um amigo que trabalhava na própria OutSystems, o segundo unicórnio português (empresa que vale mais de mil milhões de dólares). “Fiquei entusiasmado com o que ele falava, a OutSystemsjá tinha uma expansão considerável e o produto que ofereciam parecia que ia fazer toda a diferença, e fez”, explica.

Prior admite que a tecnologia do unicórnio português “é muito robusta e muito ágil e de fácil adopção”, ou seja, “permite soluções muito rápidas e num mercado tecnológico tão vertiginoso e em mudança e isso faz toda a diferença para os clientes”.

E como funciona a parceria com a OutSystems? Enquanto uma procura simplificar o processo de desenvolvimento de software através do low-code, “a Hi busca simplificar a forma como as interfaces são apresentadas aos utilizadores e utilizadas por quem desenvolve software”. Tudo isto pode, depois, ser experienciado em apps ou software interno usado pelos funcionários das empresas ou de forma externa, usado pelos seus clientes. “Damos uma camada muito específica mas muito relevante no resultado final, porque é aquilo que o utilizador vai ver do negócio”.

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Em Portugal trabalham já com “as maiores empresas de Portugal” em áreas como banca, seguros e saúde, daí que o objetivo seja agora o de expandir a empresa a nível internacional. Com a ajuda da tecnologia OutSystems, que é já global e onde têm a mais valia de estarem próximos dela (é made in Portugal), têm estabelecido novas parcerias para chegarem a novos mercados, especialmente o britânico e o holandês. Seguem-se o Médio Oriente, Austrália e os Estados Unidos. 

Muitos clientes querem integrar várias soluções novas interativas, daí também terem desenvolvido a área de experiências digitais imersivas, com realidade virtual. Foi daí que surgiu uma parceria com o Dinheiro Vivo. “Na Web Summit as startups faziam o seu pitch num elevador virtual, na conferência de aniversário os convidados davam ideias para o futuro de Portugal, mas em ambas tinham uma vivência diferente, atrativa e inovadora num ambiente virtual”.


(Global Imagens / Global Imagens)

Multicompetências é base

O que faz a diferença para a Hi Interactive além das soluções integradas que fornecem é a sua equipa “com multicompetências”. “Envolvemo-nos num processo de pesquisa, análise, proposta de soluções, testagem e desenvolvimento, no que se chama de Design Thinking” para a criação do interface de uma app, de uma plataforma digital, ou de um software, explica João Prior. 

Neste momento têm cerca de 45 pessoas, “de idades e perfis bem distintos, como UX/UI designers, designers gráficos, motion designers ou programadores front-end”, mas continuam a contratar. O mais difícil hoje em dia é integrar as pessoas certas. “Se tivessemos mais pessoas teríamos mais trabalho, precisamos de mais recursos e de lhes dar formação em OutSystems e com o nosso nível de especialização”, admite. O tempo de formação, dependendo dos conhecimentos, vai de um a três meses.

O nível de crescimento é grande ao ponto da Hi Interactive estar já à procura de um escritório maior em Lisboa para a próxima fase de contratações, que Prior prefere não concretizar a nível de números. “Não queremos ficar por aqui, queremos crescer e inovar, mas também partilhar o nosso conhecimento com a rede de parceiros”, inclusive com “promoção de meetups e workshops de modo a enriquecê-los com nossas práticas e conhecimentos”.

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