Huawei de fora de acordo EUA-China continua em apuros nos smartphones

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Foto: REUTERS/Stringer

Apesar do primeiro acordo entre EUA-China, Huawei continua de fora e sem acesso ao ecossistema Google que limita lançamento de novos smartphones na Europa.

A guerra comercial, política e tecnológica entre Estados Unidos e China dura há 18 meses e, apesar da assinatura de um primeiro acordo económico esta quarta-feira, não houve melhorias no relacionamento tecnológico entre os países, bem pelo contrário. A primeira fase do acordo comercial entre os dois países deixa de fora a Huawei e outras tecnológicas chinesas e há um relatório que aponta para que a situação não melhore. 

Esta manhã o Secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, admitiu os temas relacionados com a Huawei não estão incluídas neste primeiro acordo. Em entrevista à CNBS o responsável esclarece: “a Huawei não faz parte do diálogo económico, mas sim do diálogo em torno da segurança nacional que continuamos a ter com as autoridades chinesas”. 

Apesar do diálogo, o Mnuchin não abre a porta a que a Huawei deixe de estar numa lista negra dos EUA que limita ou proíbe que o gigante chinês compre componentes ou software norte-americano. Essa mesma medida levou a que, na Europa, a Huawei tenha deixado de ter disponíveis nos seus novos smartphones o ecossistema da Google, limitando o lançamento de novos modelos.

Além de limitar o acesso da Huawei a produtos norte-americanos – há licenças especiais que permitem algumas exceções -, os EUA proibiram o uso de equipamentos da marca chinesa nas suas redes de telecomunicações (e de 5G em concreto). Têm também pressionado os países ocidentais, especialmente europeus, a excluírem a empresa dessas redes, alegando risco de espionagem pelo governo chinês – algo que ainda não foi provado, daí que a Europa tenha sido reticente em excluir os equipamentos da Huawei.

Um relatório a que o Wall Street Journal teve acesso indica que os EUA em vez de reduzir vão aumentar as restrições à Huawei, eliminando uma falha no bloqueio que permitia às empresas americanas de vender produtos à Huawei a partir de centros fora da América. 

Tudo indica que uma segunda fase do acordo entre EUA e China nunca será antes das eleições presidenciais norte-americanas, marcadas para Novembro. Isso mesmo foi admitido por Donald Trump esta semana. 

A Huawei já se comprometeu – inclusive na Web Summit de 2019 – a investir mais de 1,5 milhões de euros para atrair cinco milhões de programadores para criar um ecossistema de apps alternativo ao da Google. Ainda esta semana foi anunciado no Reino Unido que a Huawei vai investir 24 milhões de euros num fundo para encorajar os programadores britânicos a desenvolveram apps para o sistema operativo da empresa, Harmony, e para a loja da apps da Huawei, App Gallery (integrado no pacote de serviços HMS, Huawei Mobile Services).

A Huawei indica que tem já o terceiro ecossistema móvel do mundo, atrás da Google e da Apple e revela ter chegado aos 600 milhões de utilizadores ativos nesse mesmo ecossistema (Huawei Mobile Services) em 170 países, o que inclui 68 milhões na Europa. Cerca de 1,3 milhões de programadores já terão aderido ao tal HMS.

Em agosto, numa conversa em Dongguan, na China, o responsável de software da Huawei, Chenglu Wang, admitia-nos que a empresa irá sofrer um a dois anos se perder mesmo o ecossistema da Google. Esse será o tempo necessário para criar uma alternativa que possa ganhar a confiança dos consumidores.

O que significa o bloqueio para os smartphones Huawei

Os modelos da Huawei lançados antes de maio não têm qualquer limitação. Como exemplo, o novo modelo de smartphones da Huawei, Mate 30, lançado no final de 2019, embora tenha a versão básica e gratuita do sistema operativo Android, não tem a loja de apps da Google, nem tão pouco acesso (pelo menos sem subterfúgios não oficiais) a uma gama enorme de apps populares. Essa situação levou a que a Huawei tenha adiado o lançamento oficial europeu do Mate 30 e limitado a sua venda. 

Ainda assim, aparelhos lançados antes do bloqueio norte-americano, como é o caso da gama P30, continuam a ter todo o ecossistema Google disponível tanto em smartphones já vendidos como aqueles que ainda estão a ser vendidos sem limitações por toda a Europa.

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