O lado obscuro do sucesso do Fortnite, o maior jogo do momento

Fortnite | Epic Games
Foto: REUTERS/Benoit Tessier

Epic Games, estúdio responsável pelo jogo do momento, está a ser alvo de fortes críticas por submeter trabalhadores a condições de trabalho extremas.

Atuais e antigos funcionários da Epic Games, o estúdio responsável pelo videojogo-sensação Fortnite, denunciaram um clima de exaustão que existe na força de trabalho da empresa. Segundo uma reportagem da publicação Polygon, há funcionários que chegam mesmo a trabalhar 100 horas por semana, o equivalente a 14 horas por dia.

Em causa estão as constantes atualizações que o estúdio faz ao jogo Fortnite para mantê-lo ‘fresco’ e apelativo para os jogadores, sobretudo numa altura em que está a receber a concorrência de um outro título, Apex Legends.

“Eu trabalho em média 70 horas por semana”, disse um dos funcionários, sob anonimato, à Polygon. “Há provavelmente mais 50 ou 100 pessoas na Epic Games que trabalham estas horas. Conheço pessoas que têm semanas de trabalho com mais de 100 horas. A empresa dá-nos folgas ilimitadas, mas é quase impossível tirar folgas. Se eu me ausentar, o trabalho sobra para outras pessoas e ninguém quer fazer isso”.

Um porta-voz da Epic Games admitiu a existência de horas de trabalho extremas. “As pessoas estão a trabalhar muito duro no Fortnite e noutros esforços da Epic. Situações extremas de semanas de trabalho com mais de 100 horas são incrivelmente raras, e nesses casos, procuramos imediatamente uma solução para que não voltem a acontecer”.

Leia também | Há vida além do Fortnite. “Técnicas dos jogos podem ajudar a sociedade”

Os funcionários relatam um clima de pressão e até de medo devido ao ritmo elevado de atualizações que existe no jogo. “Não nos é permitido gastar tempo noutra coisa. Se algo não estiver bem – como uma arma, por exemplo -, não podemos simplesmente tirá-la do jogo e corrigi-la na próxima atualização. Tem de ser corrigida imediatamente, e entretanto, também trabalhamos na atualização da semana seguinte. É brutal”.

“Está a matar as pessoas [funcionários]. Alguma coisa tem de mudar. Não consigo imaginar como é que aguentamos outro ano assim. Ao princípio, não havia problema, porque o Fortnite era um grande sucesso e isso sabia bem. Estávamos a resolver problemas que eram novos para a Epic: como gerir um jogo enquanto um grande serviço online global. Mas agora a carga de trabalho é interminável”, disse outro dos testemunhos.

O jogo Fortnite tornou-se num dos maiores fenómenos de sempre do mundo dos videojogos, tendo alcançado mais de 200 milhões de jogadores em cerca de dois anos e tendo conseguido receitas de 2,3 mil milhões de dólares só em 2018. Além do fenómeno económico, também tornou-se num fenómeno cultural, especialmente junto dos mais jovens.

Fortnite também já movimenta muito dinheiro em Portugal