Portugal recebe 5 milhões de euros de financiamento para criar cérebro inteligente de gestão e optimização de energia em casas e edifícios.
É um dos projetos com maior financiamento da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (Ciências ULisboa) e faz parte de um projeto europeu que é gerido a partir de Portugal. O objetivo? Ajudar a criar um centro inteligente de gestão e otimização energética de edifícios, apartamentos, escritórios, escolas e, claro, de todos os seus equipamentos conectados.
A ideia passa por conseguir poupar muitos euros (e evitar desperdício) nos gastos energéticos, mas também evitar avarias e problemas mais complexos, mesmo antes deles acontecerem – os equipamentos registam e comunicam sinais de desgaste ao centro inteligente de uma casa ou um edifício, como se ganhassem ‘vida’.
A plataforma chama-se SATO (Self Assessment Towards Optimization of Building Energy) e é um projeto liderado pela Ciências ULisboa com início marcado já para outubro, com os primeiros testes a estarem já previstos em quatro edifícios em Portugal no final do próximo ano.
Pedro Ferreira, professor do Departamento de Informática, investigador do LASIGE da Ciências ULisboa e coordenador global do projeto, explica-nos que no total são 16 os parceiros (entre academia e setor privado), seis deles são portugueses onde se incluem empresas como a EDP, SONAE-Worten, Siemens Portugal, OCRAM Clima e a agência de energia do Seixal. O projeto recebeu do Horizonte 2020 um financiamento total no valor de 7 milhões de euros, com cinco milhões deles a virem para Portugal.
E que vantagens um utilizador residencial poderá ter? “O sistema vai trazer muitos benefícios em termos de gestão energética de equipamentos (feita a partir de uma app). Terá a capacidade de efetuar diagnósticos automatizados sobre o desempenho energético e correto funcionamento de equipamentos e também do próprio edifício”, explica Pedro Ferreira, que admite que será possível ver o desempenho energético em tempo real de computadores, eletrodomésticos e veículos elétricos em carga.
Um dos exemplos é a capacidade de detetar a degradação no desempenho de uma bomba de calor. “Esta degradação pode dever-se a falha mecânica ou deficiente ventilação do equipamento. No caso do apartamento o sistema terá a capacidade de verificar se os níveis de isolamento térmico que constam no certificado energético são de facto atingidos”.
O responsável do projeto indica que será possível à plataforma controlar os equipamentos domésticos e “oferecer serviços de flexibilidade para a rede (por exemplo ligar máquina de lavar e secar roupa apenas em momentos em que a rede precisa de consumo)”. Além da questão ambiental e de sustentabilidade energética, “permite aumentar o conforto de utilização da casa e, simultaneamente, reduzir os custos de utilização”.
O sistema vai estar, assim, ligado à cloud e comunica com os equipamentos consumidores de energia de uma casa ou edifício de serviços através de sensores e atuadores com capacidades da IoT (que têm capacidade de comunicação sem fios e com a cloud). “Os utilizadores interagem com a plataforma através de apps que também serão desenvolvidas no projeto”, avança o investigador que admite que tudo estará integrado com os principais sistemas de home automation, da Alexa da Amazon, à Google Assistant, passando pela Siri da Apple.
O projeto está dividido em três fases durante três anos, uma por cada ano. No final de 2021 começam os testes em oito edifícios piloto, nos quais Portugal irá contribuir com quatro. No final, em 2023, a plataforma “estará pronta para a fase de comercialização”.