Satélite europeu Éolo obrigado a contornar Starlink da SpaceX para evitar colisão

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Fonte: ESA

Vivem-se tempos agitados no tráfego espacial: para evitar uma colisão com o satélite da SpaceX, a Agência Espacial Europeia precisou de acionar medidas para alterar ligeiramente a posição do Éolo. 

A ESA deu conta desta manobra através do Twitter, acrescentando também que avisou a SpaceX de que os dois satélites estavam em rota de colisão. A agência europeia indica que a empresa de Elon Musk terá respondido que não iria fazer alterações à posição do Starlink número 44. 

À Forbes, a ESA indica que “a SpaceX foi informada e respondeu que não estavam a planear tomar qualquer ação”. Segundo os especialistas da ESA, havia uma hipótese de um em mil de existir uma colisão entre os dois satélites. Mesmo com a ESA a reconhecer que se trata de uma baixa probabilidade, achou por bem intervir. 

Para evitar colidir com o satélite da SpaceX, lançado há alguns meses, a ESA acionou os propulsores do satélite Eólo para que este pudesse desviar-se do satélite da SpaceX, antes de qualquer colisão acontecer. Até aqui, qualquer alteração deste género precisa de intervenção humana para acontecer. A ESA indica ainda que, no futuro, está a planear a automação deste processo, através do recurso a inteligência artificial. 

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A ESA aponta ainda que é muito raro ser necessário alguma intervenção do género, principalmente com satélites ativos. A agência reconhece que está mais habituada a fazer este tipo de manobras com satélites abandonados ou fragmentos de colisões anteriores. No Twitter, a agência reforçou que se tratou da primeira vez que precisou de recorrer a uma manobra deste género.  

“Não estamos chateados com a resposta [da SpaceX]”, indica Holger Krag, responsável da ESA, à Forbes. Ainda assim, a agência explica que a preocupação é outra – a do aumento exponencial dos satélites, que mais tarde vão transformar-se em lixo espacial. “A minha preocupação é a de que com frequência é que isto vai acontecer no futuro? Estes são só dois satélites. Agora vão aumentar e também vão ser abandonados e acabar em várias altitudes. E não há uma regra ou lei para como se reagir, é tudo boa vontade”. Recorde-se de que a ambição da SpaceX passa por colocar 12 mil satélites no Espaço, para cumprir os objetivos do projeto Starlink. 

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O satélite Eólo, que conta com tecnologia portuguesa desenvolvida pela LusoSpace e pela Omnidea, foi lançado em agosto do ano passado, com o propósito de estudar vários perfis de vento, para dar, quase em tempo real, informações sobre mudanças meteorológicas.

Já o Starlink 44, da SpaceX, está em órbita há menos tempo, mas o período de tempo foi suficiente para gerar críticas. Já houve astrónomos a queixar-se de que o lançamento dos satélites da empresa de Musk podem causar problemas aos telescópios, já que os painéis solares dos satélites refletem mais luz. 

No ano passado, a ESA indica que fez 28 manobras para evitar colisões, em toda a frota disponível.

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