Na era das tarefas feitas por robôs, também há empresas de robótica a fecharem

A Rethink Robotics, a empresa de Boston que foi pioneira no desenvolvimento de “cobots” – robôs colaborativos projetados para trabalhar ao lado de humanos – fechou nas últimas semanas.

Agora, a empresa Universal Robots contratou 20 dos principais engenheiros da Rethink que ajudaram a criar os robôs Baxter e Sawyer, além de ficar com a antiga sede em Boston. Apesar desta operação, a Universal Robots, especializada em robôs industriais e adquirida em 2015 pela Teradyne, não vai ficar com o inventório da Rethink.

O encerramento da empresa foi abrupto e surpreendeu os membros da comunidade de robótica. De acordo com o Boston Globe, a Rethink estava a explorar um acordo para ser vendida a outra empresa, mas a aquisição caiu por terra. “Pensámos que havia um acordo para a venda”, disse Scott Eckert, presidente-executivo da Rethink, ao Globe.

Eckert não quis explicar qual era a empresa que estava envolvida na negociação, mas admitiu que a Rethink estava a ficar sem dinheiro depois das vendas dos robôs Baxter e Sawyer não terem rendido o esperado. O responsável atual da empresa admite: “o que nos aconteceu foi que saímos um pouco mais cedo demais com um produto muito, muito inovador”.

Robô Baxter em Portugal
O pólo de Oeiras do Instituto Superior Técnico tem um destes robôs Baxter, que usa precisamente para estudar a relação entre humanos e robôs. No caso do Baxter, consegue também fazer algumas tarefas específicas de transporte e mesmo montagem de peças.

Paulo Alvito, fundador e CEO da empresa portuguesa de robótica IDMind, responsável por robôs para o Pavilhão do Conhecimento, Fundação Champalimaud, IPO, Técnico, Santander, Bradesco, entre outras instituições, falou à Insider sobre o robô Baxter. “Foi o primeiro da Rethink Robotics e veio revolucionar a mecânica robótica e a forma como este tipo de robôs que produzem mesmo algo podem estar ao pé de humanos e interagir com eles”, disse Alvito, que reconhece um talento incrível ao fundador da Rethink Robotics e da iRobot, Rodney Brooks e admite ficar surpreendido pelo fecho da empresa. No entanto, “nada do que fizeram e inovaram vai ficar perdido”.

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Robôs com valor
A Rethink foi fundada em 2008 por Rodney Brooks (o ex-líder do MIT também é um dos fundadores e ex-CTO da iRobot, empresa mais conhecida pelos robôs-aspiradores Roomba) e Ann Whitaker. O seu primeiro produto foi precisamente o robô Baxter, em 2011; seguiu-se o Sawyer, uma versão mais pequena e mais rápida, em 2015.

Estes robôs foram criados para iniciarem uma nova era na automação, para que máquinas pudessem funcionar de forma colaborativa e em segurança ao lado dos humanos, em vez de estarem confinados às suas próprias seções numa fábrica.

Baxter e Sawyer usam rostos animados para comunicarem com colegas de trabalho humanos e podiam ser programados com conhecimentos ou funcionalidades especializadas. Os trabalhadores podiam guiar os braços dos robôs para realizar uma tarefa específica e eles aprendiam assim a realizar de forma autónoma aquela tarefa, através da sua própria memória. Essa facilidade de uso, em conjunto com os recursos de segurança dos robôs, tornou-os populares em laboratórios de pesquisa.

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