Trabalho remoto a partir de outro país até 1 ano e licença sabática de 8 semanas para funcionários com cinco anos de empresa fazem parte das regalias que a Farfetch está a dar aos colaboradores em Portugal.
É uma das empresas portuguesas mais valiosas da atualidade – a primeira a atingir o nível de unicórnio – e tem tido o desafio crescer vertiginosamente nos últimos anos em talento contratado. Daí que atrair e reter talento seja uma prioridade para a empresa de José Neves, que pode até ter sede em Londres, mas tem quase toda a sua força tecnológica e de pessoal em Portugal. Só em Leça do Balio têm um escritório enorme onde já trabalham mil pessoas, a maioria são engenheiros (em breve terá um campus maior em Matosinhos para concentrar os funcionários).
Neste contexto, as condições favoráveis para atrair trabalhadores que possam fazer a diferença incluem a flexibilidade no trabalho, isto numa empresa que até disponibiliza autocarros para levar do Porto, Braga ou Guimarães os seus trabalhadores.
Ana Sousa, responsável pela área dos recursos humanos (VP People) da Farfetch, admite que o trabalho a partir de casa faz parte dessas condições. “Tirando os casos em que a função não o permite, todas as nossas pessoas têm a possibilidade de trabalhar a partir de casa, bem como adequar os horários quando consideram necessário”, diz-nos.
Entretanto, vai entrar em vigor um programa-piloto que dará aos colaboradores da tecnológica portuguesa, referência como marketplace online de moda de luxo a nível mundial (pode ler mais sobre a capacidade tecnológica da empresa aqui), a hipótese de trabalhar remotamente “durante períodos mais alargados”.
Ou seja, podem trabalhar inclusive a partir de outro país. “Podem surgir questões familiares que levam a pessoa a ter que mudar de país durante 6 meses ou 1 ano”, admite Ana Sousa, indicando que a empresa não quer quebrar a ligação a colaboradores que tenham essa necessidade. A medida já está em vigor, em pedidos especiais, em algumas empresas tecnológicas em países como a Irlanda, mas em Portugal aparenta ser inédito. “Estamos a contribuir para o bem estar e segurança psicológica dessa pessoa, que, ao manter a sua estabilidade familiar e emocional, terá todas as condições para continuar produtiva”, adianta.
Reportagem: O que vale a tecnologia da Farfetch e Outsystems
Boomerang dá acesso a período sabático… pago
A empresa leva o chamado employer branding – um conceito que envolve uma cultura de empresa capaz de atrair e reter talento – muito a sério e recentemente iniciou uma iniciativa “única” de reconhecimento das pessoas que estão na empresa há mais tempo. Chama-se Boomerang, e é um programa que dá acesso a uma licença sabática, de até 8 semanas, paga pela empresa.
“Podem beneficiar deste programa todos os colaboradores que estejam na empresa há pelo menos 5 anos (renovando essa possibilidade a cada 5 anos)“, revela Ana Sousa. Dentro das regalias, os colaboradores em Portugal (que são a maioria numa empresa que tem escritórios nos EUA, Reino Unido, Brasil, Japão e China) têm direito a três dias extra, além dos 22 de férias obrigatórios por lei, “sem prejuízo de puderem ainda também acrescentar mais três dias, por escolha própria, como parte dos seus benefícios flexíveis”. Desses benefícios flexíveis fazem também parte regalias em áreas como a saúde, educação/formação e planos PPR.
Na oferta de dias sem trabalhar a Farfetch oferece ainda a todos os colaboradores “dois dias extra para que possam fazer voluntariado, escolhendo a causa que querem apoiar, quando o querem fazer e como o querem fazer”, indica Ana Sousa.
Satisfação gera alta performance
Já sobre o feedback dos trabalhadores às várias iniciativas “tem sido ótimo”. “Trabalhar remotamente e com maior flexibilidade é um benefício que tem um enorme impacto na qualidade de vida e no nível de satisfação do colaborador”, diz a responsável de recursos humanos, que acrescenta: “a alta performance só é possível quando as pessoas estão em equilíbrio e para as pessoas estarem bem e serem produtivas temos de olhar para elas de uma forma holística”. Ou seja, ao haver uma proposta de valor para as pessoas com “iniciativas de well-being e flexibilidade” a Farfetch “destaca-se no mercado”.
A luta pelo melhor talento nas áreas tecnológicas é enorme, daí que a empresa esteja “constantemente a atualizar o conjunto de benefícios” para poder “ir de encontro às expetativas das pessoas”.
Outra das preocupações é o bem estar das recém mamãs. “Existem salas específicas para mães nos nossos escritórios, onde elas possam sentir-se à vontade e protegidas durante o período de amamentação”, diz Ana Sousa. Essa política será mais fácil de implementar já no novo campus, que está ser construído em Matosinhos.
“Será uma casa para todos os Farfetchers, numa visão assente em três pilares: tecnologia, sustentabilidade e bem-estar. Este será o nosso maior centro tecnológico e de operações e o objectivo é que seja um espaço que promova o crescimento do negócio e de cada um individualmente.” Essa preocupação com o ambiente em que estão os funcionários vai permitir ter uma ligação à natureza. O objetivo, em resumo, “é fazer a diferença e ter um impacto positivo no mundo que nos rodeia”.
Reportagem: O que vale a tecnologia da Farfetch e Outsystems