A ‘bola de cristal’ dos analistas também olha para o mundo da segurança

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Fonte: Pixabay

Há quem ganhe a vida a tentar prever as próximas jogadas do acelerado mercado tecnológico, olhando para movimentações como aquisições de outras empresas, contratações ou parcerias entre organizações.

A CCS Insight é uma das empresas que aposta nas previsões e tendências todos os anos. Este olhar para o futuro não é válido apenas para 2019, sendo que algumas destas previsões remetem até para 2025 e mais além.

Entre várias áreas mencionadas pela CCS Insight, que vão desde o mundo dos negócios até ao retalho, a segurança não escapa a esta lógica de olhar para o futuro.

Cumprir as regras para avançar

Uma das análises feitas pela equipa global de analistas remete para algo que é bastante familiar ao mercado europeu: o Regulamento Geral de Proteção de Dados, que em 2018 trouxe alterações para muitos cidadãos e empresas.

Além de promessas de avultadas multas e mudanças nas práticas das empresas, houve também vozes ligadas à investigação e desenvolvimento científico que vêem este regulamento como um possível travão ao desenvolvimento de novas soluções no mercado europeu, principalmente nas áreas que recorrem aos dados para poder treinar modelos, como é o caso da área da investigação de inteligência artificial e aprendizagem automática. Apesar disso, os analistas da CCS Insight têm outra visão.

“Até 2021, a regulação vai trazer benefícios em algumas regiões, em vez de impedir a inteligência artificial”, diz a organização. “Ao abrigo do RGPD, os sujeitos donos dos dados pessoais precisam de ter uma explicação sobre os resultados de um algoritmo. Isto significa que os sistemas precisam de ser concebidos para fornecer alguns dados sobre como é que são tomadas determinadas decisões”, explica o relatório.

Na lógica da CCS, quem conseguir corresponder de melhor forma às medidas e normas determinará quem é que ganha a corrida para liderar os avanços na área da inteligência artificial, enquanto cumpre as regras.

Autenticação de dois factores torna-se obrigatória

O recurso a uma autenticação de dois factores junta normalmente uma senha a uma outra forma de confirmação de que se é mesmo o detentor daquele acesso – a mais normal é o envio de uma mensagem de texto com um código adicional. “Pelo menos uma das grandes plataformas web vai tornar esta a autenticação de dois factores obrigatória, até 2020”, apontam os analistas da firma britânica. “Isto responde à necessidade de se aumentar as bases de segurança dos sites e serviços, numa época onde os ataques se tornam mais sofisticados e perversos”.

A empresa diz esperar que o segundo factor desta equação seja uma mensagem de texto, mas não descarta a hipótese de uma camada adicional de segurança confiar em ferramentas como o autenticador da Google.

Vale a pena recordar que, atualmente, já há vários serviços que permitem a autenticação de dois factores. Esta é, aliás, uma das medidas de segurança muitas vezes recomendada pelos especialistas de segurança.

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A emergência da ‘cyberwarfare’

É um consenso geral da indústria da tecnologia que os ataques informáticos não vão abrandar nos próximos anos – pelo contrário, vão chegar a níveis de sofisticação que vão trazer (ainda) mais desafios às organizações. “Até 2020, as movimentações de cyberwarfare’ vão além dos alvos ‘soft’”, explica a CCS.

“Fora do mundo do crime financeiro, os criminosos estão a focar-se nas alterações a eleições e a meios de comunicação. Até 2020, os ataques online poderão causar ainda mais estragos, se forem dirigidos a infraestruturas de hardware”. E esta previsão da organização vai ainda mais longe: “ataques a recursos-chave” poderão ter “consequências mais sérias, resultando na perda de vidas.

Muitos analistas referem também que eventuais conflitos vão ser travados recorrendo ao mundo digital, nomeadamente através de ataques direcionados ou espionagem militar. Tanto que há quem já tome medidas para criticar um possível envolvimento do mundo tecnológico neste tipo de conflitos.

No ano passado, o Future of Life Institute abordava o papel que a IA pode ter a nível militar, elaborando uma publicação assinada por vários académicos, especialistas e organizações que se comprometiam a não ter ligação ao desenvolvimento de tecnologia para fins letais. Na publicação, é explicado que a inteligência artificial pode ter um papel fundamental e capacidade para desequilibrar o equilíbrio de forças.

Dentro de tecnológicas como a Google, por exemplo, também têm sido conhecidas as críticas dos funcionários pela participação da empresa em contratos ligados ao âmbito militar.

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A confiança vai ser decisiva no mundo dos negócios

De acordo com a analista de mercado, a “confiança vai ser o ponto mais importante na competição entre os fornecedores de serviços de cloud, em 2019”. Muitas empresas já fazem negócio com o armazenamento na cloud – vejam-se casos como a Amazon Web Services ou a Microsoft.

Com a indústria a adaptar-se a um mercado com cada vez mais ataques direcionados, quem conseguir conquistar a confiança dos clientes e “garantir maior transparência e esforço para conformidade” vai ter uma vantagem de negócio.

Biometria vira-se para o comportamento

Para a CCS Insight, os dados biométricos como impressões digitais ou reconhecimento facial usados para garantir alguma segurança na utilização de dispositivos do dia-a-dia, como smartphones, ainda irá evoluir para tentar aumentar o sentimento de segurança, principalmente na hora de consulta de informações sensíveis, como acesso a relatórios médicos ou transações financeiras.

“Uma combinação de dados biométricos vai ser usada para autenticar utilizadores, especialmente para cenários onde está envolvida informação altamente sensível ou dados regulados”, explica a firma. “Além das impressões digitais, dados ligados ao reconhecimento facial ou reconhecimento de íris” vão juntar-se também a outras formas comportamentais, tais como a forma “como as pessoas digitam, fazem scroll ou falam ao telefone. Com os sensores corretos, até a respiração do utilizador poderá ser usado como um método de autenticação”, acredita a empresa.

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