Cultivo no deserto ou imprimir comida em 3D: como a tecnologia cria a agricultura do futuro

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    Fonte: Pixabay

    Até 2050, a população mundial vai chegar ao redondo número de 10 mil milhões. Com os recursos cada vez mais pressionados, a tecnologia está a impulsionar novos conceitos, que vão ajudar a agricultura a modernizar-se.

    O cenário de fição científica em que carrega num botão e a fome está saciada para o resto do dia ainda está longe de acontecer – aparentemente. A verdade é que consumimos cada vez mais: dos 3,45 quilogramas per capita, registados entre 1992 e 1997, o consumo alimentar passará para os 4,36 quilogramas em 2030. 

    A juntar a isto, existe também uma escassez de terrenos para a produção alimentar – muito pressionada pelo crescimento urbano. No relatório ‘Agricultura 4.0: The future of Farming Technology’, desenvolvido em parceria com a consultora Oliver Wyman, é traçado outro cenário que só aponta para a necessidade de transformação da agricultura – o crescimento da população mundial, que passará dos 7 mil milhões conhecidos atualmente para os 10 mil milhões, em 2050. Com mais pessoas no mundo, são necessários mais recursos para a alimentação – e tudo tem um preço. 

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    De acordo com os números revelados pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), acabar com a fome no mundo e conseguir gerir a pressão demográfica precisará de investimentos anuais na ordem dos 265 mil milhões de dólares (cerca de 234 mil milhões de euros). Segundo o relatório, o considerável crescimento da população mundial poderá mesmo traduzir-se na necessidade de aumentar a produção alimentar em 70%, até 2050. 

    O relatório aponta que a próxima grande revolução na agricultura, a chamada Agricultura 4.0, vai ter a capacidade de mudar este cenário, com um forte apoio da tecnologia. Um dos exemplos dados está ligado à “quinta moderna”, que dependerá dos avanços tecnológicos, onde a transformação vai ser conduzida por conceitos já conhecidos, como sensores, imagens aéreas ou geolocalização. 

    E muitas destas tecnologias com capacidade para mudar o mundo agrícola vão sair das mãos das startups, exemplifica o relatório. “As startups ligadas à tecnologia agrícola cresceram mais de 80% por ano, desde 2018”, o chamado conceito de ‘startups agritech’.

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    O relatório da Oliver Wyman aponta que há três grandes grupos nesta Agricultura 4.0: o uso de novas tecnologias para produção; recurso a novas tecnologias para levar a produção alimentar aos consumidores ou através da incorporação de tecnologia na produção, focada no aumento da eficácia. 

    Estas startup agritech contam com o apoio de grandes nomes, como Bill Gates, criador da Microsoft ou Richard Branson, o multimilionário da companhia aérea Virgin, que diversifica ainda os seus investimentos pelo trabalho na área da investigação espacial. Um dos exemplos de investimento destes multimilionários? Empresas que desenvolvam técnicas como os bioplásticos, para assegurar a conservação de alimentos durante o transporte, ou cultivo de algas para alimentar gado, substituindo o cultivo de outros alimentos. 

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    Mas o mesmo relatório ressalva que, em alguns casos, estas técnicas ainda estão longe da maturidade e de adoção por parte do mercado. São exemplos dessas técnicas que ainda precisam de crescer a impressão 3D de alimentos ou a prática de técnicas de cultivo agrícola em regiões áridas. 

    Mas há mais exemplos de quem já esteja a trabalhar nas técnicas alternativas.David Rosenberg é CEO da Aerofarms, uma das startups que está a trabalhar no conceito de cultivo vertical. Como é que funciona? São laboratórios gigantes, onde os alimentos são cultivados em pequenos tabuleiros, arrumados na vertical, que dispensam terra, água ou luz do sol. 

    Não é só durante a produção que empresas como a Aerofarms querem mudar o jogo, já que Rosenberg, que participou no relatório da Oliver Wyman, mostra a sua visão para a tecnologia alimentar nos próximos quinze anos. “Será um mundo onde as frutas e vegetais vão ser cultivados não só para maximizar a resistência às pragas e minimizar o desperdício, mas também que se adequam às preferências de sabor de determinada parte da população”, explica. Quem sabe se, no futuro, não será possível ter maçãs feitas mesmo à medida de cada um…

     

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