O nome Devialet pode soar estranho à maioria das pessoas, mas há alguns anos que é uma marca reconhecida no mundo audiófilo, com pelo menos 40 prémios atribuídos à qualidade áudio e design dos seus produtos.
Texto por Fernando Marques
O que começou como uma startup – inicialmente com investidores milionários como Bernard Arnault (presidente da Louis Vuitton) para criar componentes de áudio tecnologicamente inovadores na área da alta fidelidade – tornou-se numa marca de luxo, com lojas nas principais cidades mundiais como Paris, Xangai ou Nova Iorque onde estão expostos os seus produtos.
Recorda-se de outra marca ali para os lados da Califórnia com o mesmo modelo de negócio? A Devialet já tinha surpreendido o mundo audiófilo em 2015 com a primeira Phantom, o resultado de dez anos de pesquisa e desenvolvimento.
A comparação com a Apple não é assim tão descabida, até porque a Phantom, num branco imaculado e com um formato quase oval, se tivesse o logótipo da maçã não seria estranho alguém pensar que teria sido desenhada por Jonathan Ive (ex-designer chefe da Apple). Ambas as empresas criam produtos com um design muito apurado, embrulham-nos em embalagens super atrativas e vendem-nos em lojas que são verdadeiras boutiques.
A marca não se acanha, ao referir na sua página online toda a estatística envolvida na Phantom: foram dez anos de desenvolvimento que levaram ao registo de 108 patentes, envolveram mais de 80 especialistas em aerodinâmica, mecânica e acústica, pesa 12 quilos e é capaz de gerar 174 dB de pressão acústica interna, semelhante à provocada na descolagem dos foguetões.
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Tudo isto parece muito interessante, mas o que torna a Phantom tão especial? Colunas wireless capazes de tocar alto há muitas e por valores bem mais acessíveis. É verdade, mas a Phantom faz o mesmo sem esforço e sem distorção, a níveis de volume próximos dos de uma discoteca, com as suas duas unidades de graves laterais que pulsam como um coração acelerado.
Como é que a Devialet conseguiu concentrar toda a tecnologia num objeto com as dimensões de uma bola de futebol e ainda assim tocar como toca? Graças a quatro das 108 patentes registadas que, em conjunto, funcionam como uma espécie de “truque de magia”. Combinam tecnologias opostas como a amplificação em classe A, conhecida pela sua musicalidade, com a potência e a eficiência da amplificação em classe D. De outra forma não seria possível reclamar os 1200 watt de amplificação e chegar a picos de 750 watt em reprodução musical.
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Mas, a coisa não se fica por aqui. Através do SAM (Speaker Active Matching), o sinal do amplificador é afinado para as caraterísticas de cada coluna, sendo calculado em tempo real qual a intensidade necessária para um altifalante reproduzir uma determinada pressão sonora. Há ainda o HBI (Heart Bass Implosion), responsável pelos graves tão baixos que nem se ouvem, capaz de reproduzir até aos 16Hz. Não é possível ouvirmos essas ondas sonoras (o ouvido humano vai até aos 20Hz), mas conseguimos sentir as diferenças de pressão no ar.
Por fim, temos o ACE (Active Co-Spherical Engine), diretamente relacionado com o formato da Phantom. Nos anos 1930 do século XX, o engenheiro acústico Harry Ferdinand Olson realizou uma série de testes em várias colunas de som com diversos formatos, concluindo que a coluna com melhores prestações era a esférica, bem diferente do formato retangular que acabou por dominar o mercado até aos dias de hoje.
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Toda a interação com a Phantom é feita através da app Spark. Na coluna existe apenas um botão para ligar/reset. Com a versão para Android tivemos alguma dificuldade em encontrar a coluna na rede wi-fi, já no sistema iOS o teste correu sem problemas. Para facilitar a integração no ambiente doméstico, existe ainda uma ligação de rede gigabit, USB 2.0 e uma entrada digital ótica. Depois de encontrada na rede podemos ouvir música a partir de um smartphone, de um disco externo ou usar os populares serviços de streaming como o Spotify ou o Tidal. A qualidade do som é de facto extraordinária, no entanto, com apenas uma coluna é impossível desfrutar de um som estéreo. Para isso teremos de adquirir mais uma, com o respetivo custo adicional.
Para quem organiza festas à beira da piscina e tem medo que os 1200 watt da Classic não sejam suficientes, a Phantom Gold resolve isso com os seus 4500 watt de amplificação e 108dB de pressão sonora a 1 metro. Tenha apenas em atenção que se os vizinhos chamarem a polícia corre o risco de ser multado – o limite que a legislação em vigor permite para discotecas e concertos ao vivo são 105dB.
Ficha técnica
Devialet Classic Phantom : 1.590 euros
Potência de amplificação: 1200 watt
Sensibilidade: 101dB/ 1 metro
Frequência de resposta: 16Hz – 25kHz