A empresa norte-americana lançou em Portugal o novo Google Wi-Fi e falámos com Alex King, engenheiro de software, sobre as promessas do aparelho para as casas portuguesas.
É um dos problemas mais comuns nas casas do mundo inteiro: falhas no Wi-Fi. Numa casa de pessoas que gostam de estar ligadas à internet, é uma das coisas mais frustrantes não conseguir ver as redes sociais no smartphone numa zona da casa com pior cobertura; ou simplesmente ter a internet demasiado lenta a certa altura o que prejudica o streamingno YouTube ou Netflix, o trabalho no computador.
Alex King foi um dos membros da equipa da Google determinada em acabar com os problemas de Wi-Fi nas residências. Falámos com ele através da aplicação de conversação da Google, Hangouts, onde Alex nos explicou o seu trabalho dos últimos três anos. “Passámos anos três anos a tentar analisar os comportamentos e os motivos das falhas do Wi-Fi na maioria das casas”. O resultado? A sua equipa percebeu que muitas pessoas escondem os seus routers “por serem feios ou terem antenas que não são muito práticas”.
“Tradicionalmente, os routers não foram desenhados para as pessoas, não são práticos e por isso é que muita gente os esconde, o que é contraproducente.”
Daí que o Google Wi-Fi, de que já falámos aqui, não pareça um router tradicional e não tenha antenas nem muitas luzes. “Queríamos ser conscientes e usar o mínimo de cabos possível”, explica Alex King. Além da vantagem de ser mais prático e poder estar menos escondido, o hardware que a Google usou “também é muito poderoso”, com “três antenas internas espalhadas e, como é circular, tem uma cobertura de 360 graus”, o que contrasta “com muito routers complexos que existem no mercado”.
Gerir de forma automática a melhor banda
Outra das vantagens do router da Google, para este engenheiro há sete anos na empresa, é o chamado Network Assist, que mais não é do que a gestão automática da seleção de canais. Quando configuramos o Wi-Fi lá de casa, é normal escolher-se um canal, mas há ocasiões onde o outro canal é mais rápido e, neste caso, o sistema da Google muda automaticamente para o mais rápido.
“Os routers tradicionais ficam sempre no mesmo canal e por isso é que, muitas vezes, só ficamos com internet novamente normalizada depois de desligarmos e voltarmos a ligar o router, o nosso Assist resolve isso”.
A Google também se compromete a fazer atualizações de software frequentes do router. Além do mais, quem tenha conta Google fica com registo automático na rede de Wi-Fi lá de casa e pode partilhar a internet com quem quiser através da aplicação Google Wi-Fi (disponível em iOS e Android) e sem necessidade de passwords – basta selecionar os dispositivos que permite acederem à internet.
Já relativamente a números factuais de melhorias face aos routers tradicionais, o engenheiro da Google diz que há mesmo melhores resultados, mas é difícil de quantificar. “Depende muito dos materiais de construção da casa e também há outros fatores”. Certo é que a Google promete que um único módulo do Google Wifi serve casas até 140 metros quadrados de área (custa 139 euros) e a opção com três módulos que garantem uma cobertura até 420 metros quadrados (359 euros).
Como instalar?
O engenheiro de software da Google destacou também as potencialidades do sistema da Google a nível da aplicação, que é também onde instalamos o sistema.
Depois de ligar o aparelho ao modem fornecido pelo ISP (Internet Service Provider) contratado (se tiver um router associado é melhor desligar mesmo a função de router, para não complicar), basta seguir os passos na aplicação:
- criar um nome e password (pode verificar logo todos os aparelhos que estão ligados e a quantidade de dados consumidos por cada um);
- pode configurar também o chamado Family Wi-Fi;
- ou fazer ações como o Network Check, onde pode testar a velocidade da ligação ou, ao selecionar o Priority Devide, pode dar prioridade de internet a um aparelho especifíco – é bem útil em caso de streaming de vídeos, por exemplo.
No caso do Family Wi-Fi, a app permite agrupar aparelhos por exemplo utilizado pelas crianças lá de casa. Neste contexto, permite ainda parar momentaneamente o uso de internet nesses aparelhos selecionados ou definir um horário de uso – os pais podem, assim, pausar a internet todas as noites nos aparelhos dos filhos.
Também é possível selecionar o chamado Safe Search, uma modalidade para restringir pesquisa de conteúdo adulto, a partir da própria app para determinados aparelhos.
Três anos para ter soluções
Alex King explicou também sentir-se satisfeito com o resultado final dos três anos de pesquisa e desenvolvimento desta solução. “Há cada vez mais gente e aparelhos a precisar de internet e o Wi-Fi é daquelas coisas em que não se pensa muito até parar de funcionar”, explica o responsável, que admite satisfação pelo “bom trabalho”: “foi bom resolver parte desse problema”.
A Google tem mesmo algumas parcerias com fornecedores de internet locais, de forma a fornecer logo o seu router aos clientes de um serviço de ISP, mas “nesta altura ainda não temos acordos em Portugal”.
Este artigo foi originalmente publicado na edição de 12 de julho do Diário de Notícias