“A marca Nokia continua a funcionar muito bem com os portugueses”

Luís Peixe | Nokia | HMD Global

Luís Peixe tem mais de dez anos de experiência no mercado dos telemóveis em Portugal. Já liderou a Nokia a nível ibérico e agora tem como missão trazer novamente a marca para a ribalta.

Há poucas marcas que tenham tido tanta influência no mundo dos telemóveis como a Nokia. A empresa finlandesa definiu uma geração e criou dispositivos icónicos que dificilmente serão esquecidos. Os tempos do Nokia 3310 já lá vão, mas hoje ainda vive como um mito na cultura da internet.

Quando a Microsoft decidiu acabar com a marca Nokia, fechou-se um ciclo. Era o adeus a um gigante que não soube adaptar-se aos tempos modernos. Mas este seria um daqueles casos em que a marca é mais forte do que a empresa e as pessoas.

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No final de 2016, a também finlandesa HMD Global decidiu comprar os direitos da icónica marca para lhe dar nova vida. Para liderar a guerra no mercado português, foi recrutado um general que conhecia muito bem o terreno ou não tivesse Luís Peixe trabalhado para a Nokia – a verdadeira – durante oito anos, tendo sido depois responsável ibérico pela divisão de dispositivos móveis da Microsoft durante outros dois.

“Desde o verão de 2017 que temos vindo a crescer paulatinamente no mercado português. Segundo os últimos dados da GfK, estávamos com cerca de 7% de quota, no acumulado do ano, no mercado português, que está de acordo com aquilo que era a nossa expectativa”, disse o responsável em entrevista à Insider em Barcelona, durante o Mobile World Congress. “É uma marca que continua a funcionar muito bem com os consumidores portugueses”.

Luís Peixe | Nokia | HMD Global
Luís Peixe no stand da HMD Global no Mobile World Congress, em Barcelona. Foto. Rui da Rocha Ferreira / Insider

Daí que o país tenha estado, logo de início, nos planos prioritários da nova empresa. “Sendo uma marca tão reconhecida, inclusive em Portugal, tendo um reconhecimento muito, muito forte, é óbvio que quisemos estar desde o primeiro momento também no mercado português, porque sabíamos que tínhamos todo o potencial para que as coisas corressem bem. E estão a correr bem. Acho que neste aspeto a estratégia foi bem conseguida”.

Apesar de toda a força histórica e emocional que a marca traz consigo, desaparecer nem que seja por uns meses, sobretudo numa altura em que o mercado evolui e mexe-se de forma tão veloz, acarreta um peso negativo que depois é preciso saber recuperar. Mesmo em terras lusas, as feridas da guerra ainda não estão totalmente saradas.

“Quando desapareces depois para entrar, há sempre uma inércia que tens de conseguir ultrapassar e é um trabalho que ainda não está feito, esse trabalho tem que ser feito. Mas também a verdade é que em termos de reconhecimento, toda a gente reconhece a marca de alguma forma. (…) Nesse aspeto, torna o trabalho mais fácil”.

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Mas no período de tempo em que a marca Nokia perdeu o seu fulgor, tudo mudou. Além do duopólio Google-Apple na área dos sistemas operativos e dos conteúdos digitais, assistiu-se a um agigantamento das marcas chinesas, de tal forma que atualmente já representam mais de 40% do mercado de smartphones a nível global.

Uma realidade que Luís Peixe tem sentido na pele. “Não me recordo de ver um nível de agressividade, sobretudo promocional, que temos neste momento no mercado português”.

Mas para uma marca como a Nokia parece não haver missões impossíveis. “Também temos as nossas armas e lutamos com elas, por isso é que aqui estamos”.

Cavalaria, infantaria e artilharia pesada a caminho de Portugal

Luís Peixe confirmada a chegada de quatro novos smartphones Nokia ao mercado português. O Nokia 1 Plus, o mais modesto de todos, e também o mais barato, com um preço a rondar os 100 euros, abre as hostilidades já em março. Esta é a nova versão do Nokia 1, “um produto que em Portugal continua a vender muito bem”.

Na hierarquia da guerra seguem-se depois o Nokia 3.2, um modelo que deverá custar 150 euros, com ecrã de seis polegadas, que só chega em junho. Antes estreia-se o Nokia 4.2, no início de maio, que já tem dupla câmara e o assistente digital da Google integrado de origem – deverá custar 200 euros.

Mas todas as atenções vão estar concentradas no Nokia 9 Pureview. É o smartphone de topo com o qual a HMD Global vai atacar o mercado e o grande destaque estão nos cinco sensores de imagem que tem na parte traseira.

“Aquilo que faz é tirar cinco fotos simultaneamente, usando os cinco sensores e depois combinar toda a informação numa foto otimizada de grande qualidade”, explica Luís Peixe.

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Dos cinco sensores, três são monocromáticos, o que significa que só captam fotografias a preto e branco. Mas estes são também os sensores que captam mais informação de um determinado disparo, o que lhe confere mais de mil camadas de profundidade, segundo a Nokia.

Isto permite que depois de captada a fotografia, o utilizador possa alterar a seu bel-prazer o ponto de foco da imagem. “Esse pós-processamento pode ser feito aqui no telemóvel e pode ser feito também em computador, com aplicações específicas”, adianta o líder da HMD para Portugal.

O Nokia 9 Pureview chega ao mercado português já durante o mês de março e com um preço recomendado de 699 euros. Terá este equipamento o que é suficiente para ir para a guerra?

“A nossa estratégia passa por ter produtos que consigam cobrir todos os segmentos de preço e características, mas também em cada um dos segmentos ter algo que seja diferenciador e interessante para as pessoas”.

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