CEO da Razer: “Vamos mostrar ainda mais empenho com os fãs portugueses em 2018”

Min-Liang Tan | Razer

Entrou este ano pela primeira vez na lista de milionários da Forbes. Quando criou a Razer, em 2005, nunca imaginou que teria um império nos videojogos.

O nome Min-Liang Tan pode não dizer muito à esmagadora maioria das pessoas, mas no mundo da tecnologia, em especial na área dos videojogos, é uma das figuras de proa e mais respeitadas. A empresa que criou, a Razer, é atualmente a mais conhecida do mundo em periféricos de gaming e para alguns é mesmo um motivo de culto.

Não é difícil encontrar imagens dos fãs da marca com tatuagens das três cobras que compõe o logótipo da tecnológica. Há mesmo casos de pessoas que tatuaram o nome de Min e a sua cara, o que mostra uma devoção acima do que é normal.

“As pessoas fazem tatuagens com logótipos intemporais, icónicos e que têm um significado que vai além dos produtos que representam. Que a Razer esteja incluída entre marcas como estas é algo que nos deixa muito orgulhosos”, salienta o CEO a propósito deste tema.

Longe vão os tempos em que Min-Liang Tan passava três dias consecutivos em jogos como World of Warcraft. Agora com 40 anos e dono de uma fortuna avaliada em centenas de milhões de dólares, o singapurense passa a vida entre a terra natal e São Francisco, nos EUA, os dois locais onde estão sediados os escritórios principais da Razer.

E tudo começou graças ao rato. Durante anos e anos, este acessório de utilização diária no computador ficou estático, inalterado. A paixão que Min-Liang Tan tem pelos videojogos fê-lo pensar em algo que fosse diferente e criado especificamente para as necessidades deste nicho.

O primeiro responsável de vendas da Razer acreditava inclusive que não conseguiria vender mais do que 400 unidades do primeiro rato produzido pela empresa. Estava enganado. Quinze anos depois, a Razer já vendeu milhões de ratos e a gama de produtos da empresa engloba teclados, tapetes de rato, auscultadores, portáteis e até um smartphone. Tudo sempre a pensar nos jogadores.

Razer CEO Min-Liang Tan
Min-Liang Tan, à direita, com um fã da marca na abertura de uma loja Razer em São Francisco, nos EUA. Foto: Peter Barreras / Razer

“Nós começámos com os ratos gaming, depois passámos para teclados mecânicos e outras marcas diziam ‘Porquê teclados? Vocês são loucos’. Depois começámos a fazer auscultadores e recebemos os mesmos comentários. Mais tarde lançamos portáteis e as marcas disseram ‘Mantenham-se onde são bons que é nos periféricos!’. A tecnologia irá trazer novas áreas para explorar e nós não temos medo de abrir novos caminhos de inovação ”, disse Min-Liang Tan em entrevista por email ao Dinheiro Vivo/Insider.

O CEO da tecnológica diz que o investimento em investigação e desenvolvimento, o feedback da comunidade de jogadores e o facto de trabalharem com atletas de eSports são elementos que ajudam a Razer a manter-se competitiva num mercado que ficou muito mais populoso em termos de concorrência: Asus, SteelSeries, Corsair, Logitech e Cooler Master são alguns exemplos.

Atualmente a Razer vive uma das suas melhores fases de sempre: graças ao boom na popularidade dos desportos eletrónicos, os produtos da marca são cada vez mais conhecidos, já que são a escolha de dezenas de atletas profissionais em todo o mundo.

“Estamos altamente envolvidos no meio com um programa dedicado aos eSports, a Team Razer, onde trabalhamos com algumas das maiores equipas do mundo em diferentes plataformas e géneros. É fantástico ver a evolução dos eSports, de uma LAN aqui e ali, para torneios globais regulares com valores incríveis em prémios”.

Min-Liang Tan acredita ainda que os desportos eletrónicos têm tudo para serem uma atração mediática de escala global.

“O próximo passo para esta tendência será os meios de comunicação tradicionais começarem a tratar os eSports com mais atenção, garantindo a mesma qualidade de cobertura que têm os desportos mais tradicionais. Existe a mesma quantidade de ação e entusiasmo e, se os espetadores forem guiados de forma a entender o que estão a ver, penso que alcançarão o mesmo nível de popularidade nesses meios”.

Os novos desafios

Se é verdade que os jogos de computador, graças aos eSports, estão em crescimento, também é verdade que os jogos em smartphones são uma tendência. E nos smartphones as pessoas não usam ratos para jogar.

Foi isso que fez a Razer saltar para o mercado dos smartphones em 2017. A tecnológica decidiu criar um equipamento focado na experiência de jogo mobile e o Razer Phone destaca-se justamente pela experiência multimédia que entrega, em especial pelo ecrã com uma taxa de atualização de 120Hz, para uma jogabilidade mais fluída e mais semelhante ao que é possível encontrar em computadores ou consolas.

“Os jogos de tiros na primeira pessoa (FPS) e batalha multijogador em arena (MOBA) competitivos têm sido géneros populares em PC e consola há vários anos, e estamos a assistir a um aumento destes géneros, mas agora em dispositivos móveis. Com a migração de jogos populares para estas plataformas, os jogadores vão querer a melhor experiência de jogo”, disse a propósito desta nova aposta.

Razer CEO Min-Liang Tan
“Tenho muito mais paciência e perícia para todos os desafios e missões, tal como nos negócios. Penso que hoje em dia conseguiria aguentar uma sessão de World of Warcraft de cinco dias, se tivesse tempo para tal”, diz ao Dinheiro Vivo/Insider.

Portugal é um dos países onde os videojogos estão a crescer nos dispositivos móveis, mas há outros elementos do mercado que chamam a atenção do CEO da Razer.

“Portugal tem um mercado forte de gaming em dispositivos móveis, com crescimento no interesse por gaming em PC e consolas, a crescer em todas as idades e géneros. Isto é algo que difere Portugal de outras regiões onde existem mais gamers do sexo masculino entre as idades de 15 a 25 anos”, disse.

Por fim, Min-Liang Tan deixou uma mensagem aos utilizadores portugueses dos produtos da Razer. “Fiquem atentos, porque temos planos de mostrar ainda mais o nosso empenho para com os fãs portugueses ao longo de 2018”.