Huawei consegue certificação no 5G mas vê Trump tirar Google e acesso a chips

Huawei
(Photo by NICOLAS ASFOURI / AFP)

A Huawei teve uma certificação importante para as redes core do seu 5G esta semana, mas vê o executivo de Trump manter o bloqueio aos serviços Google e ainda acrescentar uma limitação preocupante no acesso a chips. A guerra intensifica-se.

A relação entre o gigante tecnológico chinês Huawei e os Estados Unidos não acalmou durante a pandemia e esta foi uma semana com uma boa e duas más notícias para a empresa. Por um lado, depois das acusações dos EUA sobre vulnerabilidades no código-fonte das redes 5G da Huawei, uma avaliação técnica externa veio agora certificar essa parte do negócio da empresa.

Foi a ERNW, um fornecedor de serviços de segurança de tecnologia de informação (TI) independente sediado na Alemanha, que realizou a tal avaliação técnica do código-fonte de equipamentos core 5G da Huawei, nomeadamente do chamado Unified Distributed Gateway (UDG). Os auditores “avaliaram o código-fonte recorrendo não só a ferramentas e métodos de referência no mercado, bem como às melhores práticas do setor, tendo divulgado um pormenorizado relatório da avaliação”, é indicado pela Huawei em comunicado.

E o que mostra o relatório? “Demonstra que a Huawei estabeleceu um processo de engenharia de software robusto e apropriado para o UDG, mostrando claramente que as redes core 5G da Huawei são seguras e resilientes”. O Unified Distributed Gateway é um elemento da rede core com capacidade para processar serviços 4G e 5G.

A Huawei congratula-se com o relatório, explicando que “a avaliação da qualidade do código-fonte comprovou que a sua complexidade está abaixo do limite, já que a duplicação do código raramente está presente e as operações aparentemente inseguras são evitadas sempre que possível”.

Nas más notícias, esta quinta-feira a administração de Donald Trump voltou a prolongar o bloqueio à Huawei que inclui os serviços Google e obrigou que o fabricante chinês tenha sido obrigado a deixar de usar esses mesmos serviços que incluem a loja de apps da Google nos seus modelos de smartphones mais recentes e a ter de desenvolver (ainda mais) os seus próprios serviços. Pelo menos até maio de 2021 a Huawei terá assim problemas para negociar com a Google e outras empresas americanas neste período.

Chips: a nova forma de complicar a vida da Huawei

Esta sexta-feira a Reuters revela que a nova ordem do executivo de Trump acrescenta ainda o bloqueio à venda de semicondutores e chips que tenham qualquer componente americana à Huawei. O Departamento de Comércio dos EUA admite que emendou a regra de exportação neste domínio “para estrategicamente limitar a aquisição por parte da Huawei de semicondutores que são o produto direto de software e tecnologia norte-americana”. É ainda acrescentado que a nova regra acontece “para eliminar os esforços da Huawei em prejudicar o controlo sobre as exportações dos EUA”.

O anúncio pode prejudicar a produção dos chips da empresa de Taiwan TSMC que usa componentes americanos e alimenta não só o processador HiSilicon, da Huawei, bem como a Apple e a Qualcomm – a empresa taiwandesa anunciou entretanto uma nova fábrica para os EUA. Os EUA proíbem, assim, que empresas estrangeiras que usem produtos americanos possam fornecer chips à Huawei, a não ser que tenham uma licença dada pelos EUA.

A guerra comercial e tecnológica continua, assim, ao rubro e a Huawei deverá virar ainda mais atenções para conseguir produzir os seus próprios chips. Já esta semana surgiram notícias na China – pelo Global Times, controlado pelo governo chinês – que um novo fornecedor alternativo à TSMC foi bem sucedido a produzir o novo chip Kirin 710A da Huawei – baseado na tecnologia de 14nm – e estava pronto para a prodação em massa.

Este será, assim, se tudo se confirmar, o primeiro chip chinês totalmente independente em direitos de propriedade intectual e uma solução urgente para que a Huawei não veja os seus próximos modelos de telemóveis afetados pela impossibilidade de uso dos chips da TSMC.

A nova medida do executivo de Trump pode trazer represálias por parte da China, que se tem coibido de responder na mesma moeda.

Huawei em queda. Samsung reforça liderança nos smartphones em Portugal