“Não vendemos os dados das pessoas”, afirma Zuckerberg

REUTERS/Stephen Lam

A rede social prepara-se para assinalar 15 anos já no próximo mês. Depois de um ano complicado, marcado pelo caso Cambridge Analytica, Mark Zuckerberg defende o modelo de negócio do Facebook num artigo de opinião para o Wall Street Journal.

É justamente pelo ponto do aniversário que Zuckerberg começa o seu artigo. “Quando comecei o Facebook, não estava a tentar construir uma empresa global”, assume o fundador e diretor-geral da rede social. A liderança de Mark Zuckerberg tem sido amplamente contestada nos últimos tempos – tal como as práticas de Sheryl Sandberg, a número dois do Facebook.

Mas não é só o aniversário do Facebook que está para breve – também o primeiro aniversário da revelação do escândalo da Cambridge Analytica está a chegar. O caso trouxe a público a venda de dados pessoais de utilizadores da rede social a outras empresas, sem o conhecimento dos utilizadores. Dados estes que terão sido utilizados para conseguir influenciar resultados de momentos eleitorais importantes, como as eleições norte-americanas de 2016.

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No artigo de opinião, Zuckerberg volta a defender o modelo de negócio do Facebook. “Se estamos comprometidos a servir toda a gente, então precisamos de garantir que é um serviço acessível a toda a gente. A melhor maneira de fazer isso passa por oferecer os serviços, é isso que os anúncios nos possibilitam”, explica Zuckerberg.

O patrão do Facebook reconhece também que se trata de um modelo “complexo”, principalmente devido à política direcionada de anúncios, que também é explicada no artigo. Zuckerberg escreve que a empresa “não vende dados das pessoas, embora seja muitas vezes dito que isso é feito”. “Precisamos da vossa informação para questões de operação e de segurança, mas é o utilizador que controla se isso pode ser usado para publicidade”, diz Mark Zuckerberg.

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Indica também que “os clickbait e outras porcarias também conduzem o engagement a curto prazo, mas seria tonto para nós apresentar isto de uma forma intencional, porque não é isso que as pessoas querem”.

Não foi só o caso da Cambridge Analytica que manchou o ano de 2018 para o Facebook. No final do ano, reportagens do New York Times trouxeram a público a contratação de uma polémica firma de relações públicas para assegurar a comunicação do Facebook, além das movimentações internas da rede social para sobreviver às críticas de privacidade. Depois disso, também se tornou público que outras grandes tecnológicas poderiam ter acesso a dados privados dos utilizadores da rede social, fornecidos pelo Facebook.

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No início deste mês, um artigo de opinião de Tim Cook para a revista Time pedia maior regulamentação na atuação das tecnológicas em relação à privacidade. Ou seja, mais uma voz que se juntou aos críticos que pedem maior transparência na questão da privacidade. Segundo várias notícias, a Federal Trade Comission, organismo norte-americano, estará também a ponderar multar o Facebook justamente pela atuação no campo dos dados pessoais.

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