Netflix 1, Academia 0. Hollywood muda de ideias e streaming continua na corrida aos Óscares

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Alfonso Cuáron e Yalitza Aparicio, nas gravações do filme 'Roma'. Fonte: Netflix

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas mudou de ideias e votou contra a alteração de regras que queriam dificultar a entrada dos serviços de streaming na lista de nomeações aos Óscares. 

Steven Spielberg era uma das principais vozes do setor mais tradicional de Hollywood que queria a Netflix e outros concorrentes fora das nomeações para os Óscares. Esta decisão de não alterar as regras segue-se a um parecer das autoridades de justiça norte-americanas, que já dava força às queixas da Netflix.

Na altura, o Departamento de Justiça norte-americano considerava que, caso a Academia avançasse com estas mudanças, tornando o caminho mais difícil para os concorrentes de streaming, isso poderia ser considerado uma violação das práticas de competição.

As queixas de Spielberg consolidaram-se no início de março, quando um representante ligado à produtora Amblien Entertainment, fundada pelo conhecido cineasta, referiu em entrevista à Indiewire que este estava “fortemente empenhado na criação de novas regras”.

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Isto seguiu-se após as três estatuetas douradas conquistadas pelo filme ‘Roma’, de Alfonso Cuarón, disponibilizado através da Netflix. O filme venceu na categoria de Melhor Realizador, um dos prémios grandes, o que forneceu novo combustível para a polémica. Nos últimos anos, o serviço de streaming norte-americano tem também conseguido ganhar estatuetas no campo dos documentários.

Além destes pontos, os críticos da Academia referiam ainda que a Netflix e outros serviços de streaming recorrem a práticas de concorrência agressiva – nomeadamente pela distribuição massiva dos filmes a uma base de milhões de utilizadores. Vale a pena recordar que a Netflix, por exemplo, já conta com 148 milhões de utilizadores a nível global. 

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Apesar de ter recuado nesta ideia de alterar as condições para as nomeações, a Academia fez pelo menos uma mudança: a categoria de Melhor Filme de Língua Estrangeira passará a chamar-se Melhor Filme Internacional. Em comunicado, Larry Karaszewski e Diane Weyermann, do International Feature Film Committee, referem que “a referência a ‘estrangeiro’ está ultrapassada na comunidade cinematográfica global”.

A 92.ª cerimónia dos Óscares já tem data marcada, com Hollywood a entregar as estatuetas douradas no dia 9 de fevereiro de 2020.

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