Num ano, Portugal desceu três lugares no ranking da competitividade digital, passando para a 37.ª posição. O ranking conta com 63 economias.
Portugal não está a conseguir acompanhar o ritmo da competitividade digital, revela o ranking sobre a Competitividade Digital do IMD World Competitiveness Center. Apesar de registar melhorias nos indicadores de conhecimento e tecnologia, o país tombou três posições neste ranking, passando do 34.º em 2019 para a 37.ª classificação.
Este ranking dedicado à análise das economias mais competitivas na área do digital conta com a participação de 63 países. A ocupar a 37.ª posição, Portugal fica pelo meio da tabela. O desempenho português nesta tabela tem vindo a apresentar uma tendência decrescente nos últimos cinco anos, com a única exceção registada em 2018.
A análise do IMD, que em Portugal tem a Porto Business School como parceira, divide-se em três grandes fatores: conhecimento, tecnologia e preparação para o futuro, que por sua vez estão divididos em sub-fatores. Na área do conhecimento, Portugal conseguiu melhorias nos três campos: talento, formação e educação e concentração científica. As maiores subidas em 2020 registaram-se na área do talento (subida do 26.º para 24.º) e concentração científica (32.ª para 30.ª posição).
Já no fator tecnologia, Portugal melhorou na área de enquadramento regulatório, capital ou enquadramento tecnológico. A mudança mais notória foi sentida no sub-fator do capital, com uma subida de quatro lugares para a 44.ª posição.
É na categoria de preparação para o futuro que foram registados os piores resultados: em três sub-fatores (capacidades adaptativas, agilidade de negócio e integração de tecnologias de informação) o país registou um desempenho negativo. Os piores desempenhos registaram-se na agilidade de negócio (queda do 52.º para 57.º lugar) e integração de TI (do 29.º lugar em 2019 para 34.º em 2020).
Analisando apenas por região, com Portugal enquadrado na região EMEA (Europa, Médio Oriente e África) o país passa para o 26.º lugar entre 40 países. Também aqui houve uma descida de três posições entre 2019 e 2020.
Pontos fortes e principais fraquezas
O ranking analisa ainda quais são os pontos fracos e pontos fortes de Portugal em cada grande área. Quando o tema é conhecimento, o país regista como ponto forte o número de licenciados nas ciências (13.º lugar do ranking geral) e ainda o rácio entre professores e alunos (13.ª posição). Já a formação dos trabalhadores é uma fraqueza (58.º lugar do ranking total).
Na tecnologia, onde o país tem vindo a melhorar nos últimos anos, um ponto de destaque é a lei da imigração, onde Portugal conquista um quarto lugar. Também o número de utilizadores de internet (5.º lugar) e as tecnologias de comunicação (12.º) são destacados. Como pontos fracos na tecnologia Portugal apresenta um desempenho pouco favorável no número de subscritores de internet móvel (59.º) e na percentagem de exportações de tecnologia de ponta (55.º).
Na área da preparação para o futuro, Portugal não regista pontos fortes, aponta esta análise. Os pontos mais fracos são mesmo a agilidade das empresas (53.º lugar) e o uso de big data e capacidades analíticas (55.ª posição).
“Portugal precisa de acelerar, de forma decidida, o seu investimento na geração e transposição de conhecimento nas áreas digitais para as empresas. É na agilidade da gestão que está o problema mas, simultaneamente, também a solução”, comenta Rui Coutinho, diretor executivo de Inovação & Crescimento da Porto Business School.
“Por isso, cabe aos gestores portugueses compreender a importância de adotarem uma gestão mais empreendedora, mais ágil e mais adaptativa – um novo ‘darwinismo organizacional’ -, que precisa de recorrer a novas ferramentas digitais, suportar as decisões em dados e apostar, de forma clara, nas competências dos trabalhadores para o digital.” E acrescenta “Durante os últimos anos ouvimos as empresas falarem abundantemente em ‘transformação digital’. É verdade que muito foi investido no digital; mas a palavra mais importante nesse novo mantra das empresas deveria ter sido ‘transformação’. E aí, está quase tudo por fazer.”
Estados Unidos e Singapura lideram. Chipre com maior subida
Não há mudanças no topo do ranking: os Estados Unidos e Singapura reforçam, mais um ano, o primeiro e segundo lugar nesta tabela, respetivamente. O terceiro lugar passou a ser este ano ocupado pela Dinamarca, que sobe uma posição face a 2019. Já a Suécia desce até ao quarto lugar.
A região administrativa de Hong Kong sobe três lugares neste ranking da competitividade digital, passando do oitavo para o quinto lugar. Seguem-se a Suíça, Holanda e Coreia do Sul entre a sexta e oitava posição, respetivamente. A Noruega renovou o nono lugar e a Finlândia caiu três posições para o décimo lugar.
O Chipre registou a maior subida entre 2019 e 2020: conquistou 14 lugares, passando do 54.º lugar para a 40.ª posição.
Do outro lado do espetro, a Venezuela regista o pior desempenho deste ranking, mantendo mais uma vez o último lugar. A Mongólia ocupa o 62.º lugar, também sem alterações face a 2019. A Colômbia é o terceiro pior país na competitividade digital, caindo 3 lugares.
Destaque ainda para a África do Sul que, entre os 63 países analisados, regista o maior tombo: passou do 48.º lugar para a posição 60, com uma descida de 12 lugares.
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