Portuguesa mestre em inteligência artificial recebe Doutoramento honoris causa

Ponte de Lima, 02/08/2018 - Investigadora portuguesa Manuela Veloso (investiga inteligência artificial nos EUA). (Gonçalo Delgado / Global Imagens)

Manuela Veloso é uma das referênciais mundiais em inteligência artificial, lidera projeto do maior banco norte-americano, J.P. Morgan e recebeu hoje o seu primeiro Doutoramento honoris causa.

A inteligência artificial está na moda e o seu uso há muito que deixou de ser do mero domínio da ciência e da investigação, está a mudar muitos aparelhos e serviços com influência direta na vida (e no comportamento) das pessoas. Manuela Veloso é atualmente a diretora do Centro de Investigação em Inteligência Artificial no J.P. Morgan, o maior banco norte-americano e fez carreira como professora e investigadora na Universidade Carnegie Mellon (CMU), em Pittsburgh, instituição a que se mantém ligada como coordenadora de alguns mestrados e onde ganhou várias distinções internacionais.

Agora, a investigadora portuguesa que se mudou para os EUA nos anos 1980 – contamos aqui a sua história – , recebeu o seu primeiro Doutoramento honoris causa, atribuído pela Universidade Católica Portuguesa (UCP). O evento de entrega do diploma decorreu esta tarde, no Porto, que coincidiu com a inauguração do edifício de Biotecnologia da UCP, naquele que é celebrado como o Dia Nacional da Universidade Católica e que contou com a presença do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa e com o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor.

Ao Dinheiro Vivo/Insider, a investigadora portuguesa admite sentir-se “humilde e orgulhosa” com a distinção. “Fico a pensar se mereço este doutoramento honoris causa, mas estou muito satisfeita. É o meu primeiro e é uma honra que seja em Portugal”, explica Manuela Veloso, que até vai receber já em junho outro Doutoramento honoris causa, desta feita pela Universidade de Bordéus, em França.

Ao longo dos anos a investigadora já recebeu vários prémios ligados ao trabalho em computação, inteligência artificial e robótica de instituições de todo o mundo. O primeiro, nos EUA, foi logo em 1995, o maior prémio do país em ciência: o National Science Foundation Career Award. Seguiram-se vários reconhecimentos de instituições mais globais de várias partes do mundo, incluindo da China (onde foi distinguida com o Einstein Chair Professor, da Academia de Ciências da China, em 2012).

“Uma pessoa nunca está à espera destes prémios, porque não se trata de submetermos um trabalho e ele ser valorizado, mas sim tratam-se de reconhecimentos mais gerais do trabalho feito”, diz-nos a investigadora, minutos antes de dar uma conferência na Universidade Católica de Lisboa sobre os avanços em inteligência artificial.

O trabalho feito ao longo dos anos tem dado frutos, com o desenvolvimento de robôs que percorrem sozinhos os corredores Universidade Carnegie Mellon (CMU), em Pittsburgh, os chamados Cobots. Também ajudou a criar uma competição em robótica chamada RoboCup e, sozinha ou em conjunto com os seus alunos de doutoramento ou mestrado, tem ajudado a desenvolver projetos de robótica evoluídos. O último, através de uma aluna da qual é mentora, envolveu um investimento de alguns milhões de dólares da Sony para criar um garçon-robô para os restaurantes. Mais recentemente tem ajudado a criar sistemas automatizados e inteligentes para tratar do “número sem fim” de dados complexos que o banco JP Morgan trata no dia a dia.

“Soa a cliché mas uma pessoa ensina e trabalha numa área pela qual é apaixonada sem nunca pensar sequer na existência de prémios ou distinções”. Manuela Velosa admite ficar sempre surpreendida “quando os prémios aparecem”: “fico sempre a pensar o que é que eu fiz assim tão de especial para vencer”.

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