Julian Assange, fundador do WikiLeaks, detido em Londres

Julian Assange | WikiLeaks
Foto: REUTERS/Peter Nicholls

Australiano estava em asilo desde 2012 e nos últimos meses surgiram sinais de problemas na relação com os representantes do Equador.

Julian Assange, o criador da plataforma de revelação de documentos confidenciais WikiLeaks, foi detido na embaixada do Equador em Londres, Reino Unido. O australiano foi levado pela polícia londrina e está atualmente numa esquadra, onde vai permanecer até ser presente ao tribunal, como escreve a publicação The Guardian.

A detenção – que pode ver no vídeo em baixo – foi feita após o Equador ter retirado a Julian Assange o asilo que lhe tinha sido concedido em 2012.

Segundo o comunicado da polícia britânica, foi o próprio embaixador equatoriano quem convidou as autoridades a entrar no edifício da embaixada, após a decisão do governo do país de retirar o asilo a Assange.

“Quase sete anos depois de entrar na embaixada do Equador, posso confirmar que Julian Assange está agora sob custódia da polícia e vai enfrentar a justiça no Reino Unido. Gostava de agradecer ao Equador pela sua cooperação”, disse Sajid Javid, secretário de Estado para os Assuntos Internos do Reino Unido.

Julian Assange era ‘procurado’ pelas autoridades da Suécia, onde é suspeito de agressões sexuais, quando pediu asilo à embaixada do Equador. O australiano evitou assim a extradição para a Suécia e, eventualmente, para os EUA, que também queriam levar o ativista à justiça pela divulgação de documentos com informações confidenciais, sobretudo do exército norte-americano.

A relação de Julian Assange com a embaixada do Equador piorou nos últimos meses, tendo o australiano ficado sem acesso à internet em março e tendo também perdido o direito a visitas. Segundo uma mensagem publicada pelo presidente do Equador, Lenín Moreno, Julian Assange vioulou “repetidamente” as condições do seu asilo.

O WikiLeaks é uma organização sem fins lucrativos que ficou conhecida pela publicação de milhões de documentos confidenciais, sobretudo do governo e exército dos EUA. Uma das divulgações mais polémicas foi a de um vídeo de um helicóptero norte-americano que matou 12 pessoas durante um ataque – incluindo um jornalista. Também a divulgação da ‘lista’ de instruções de tratamento de prisioneiros na base militar de Guantanamo, em Cuba, teve bastantes repercussões na imprensa a nível mundial.

O WikiLeaks também revelou milhares de emails do Comité Nacional do Partido Democrata, durante as eleições presidenciais dos EUA de 2016, que revelou más práticas de segurança relativamente a informações confidenciais por parte da candidata Hillary Clinton.

Os documentos publicados na plataforma também revelaram bastante detalhes desconhecidos sobre as ofensivas militares dos EUA no Afeganistão e no Iraque. As divulgações eram feitas através do site oficial do WikiLeaks, que começou as primeiras revelações em dezembro de 2006.

Entretanto já começaram a surgir reações à detenção. Edward Snowden, delator do escândalo de privacidade da Autoridade de Segurança dos EUA (NSA), relembrou que no passado as Nações Unidas já tinham dito que a detenção de Assange constituía uma violação dos direitos humanos.

Já a conta oficial do WikiLeaks no Twitter diz que o asilo foi “terminado ilegalmente” pelo Equador.