Tem jardins exóticos, um bar que é uma réplica, em tamanho real, de um galeão, e toda uma gama de luxos que lhe conferem uma classificação de cinco estrelas. Mas agora os responsáveis do The InterContinental, na cidade chinesa de Shenzhen, acreditam que a diferença para a concorrência está na tecnologia.
No piso de entrada do hotel está um robô ao lado de um elevador. É o ‘funcionário’ de serviço que vai levar os convidados até ao quarto 8088 do The InterContinental, que é nada mais, nada menos do que a suite presidencial deste complexo de luxo. Graças à rede de nova geração, está diretamente ligado ao sistema de elevadores que dá acesso ao alojamento.
Quase como se de uma pessoa se tratasse, sabe quando o elevador está a chegar. “Por favor, guardem um espaço para mim no meio”, pede aos convidados. As portas fecham e o elevador sobe até ao piso da suite presidencial. O robô é o primeiro a sair e mostra o caminho para as portas que dão acesso ao espaço no The InterContinental onde já é possível ter acesso a redes 5G.
Este é, na verdade, o primeiro hotel 5G do mundo, e a cerimónia de ‘inauguração’ decorreu esta semana em Shenzhen, na China.
Dentro da suite os hóspedes vão encontrar algumas experiências que ajudam a tomar o gosto ao poder desta nova tecnologia de telecomunicações: é possível, na sala, jogar videjogos na sua capacidade máxima – resolução Ultra HD a 60 frames por segundo (fps) – sem que exista uma consola. Tudo é transmitido pela internet, de forma instantânea e fluída, para uma pequena box Android.
Numa das divisões ao lado, no espaço que funciona como ginásio, em vez de uma passadeira de corrida está montado um simulador de barco a remo. Graças a uns óculos de realidade virtual e ao streaming do conteúdo sem qualquer atraso, é possível treinar este desporto de forma muito mais imersiva e realista. Há até um depósito de água, na parte da frente do simulador, que gera o som dos remos na água sempre que alguém está a dar braçadas.
No espaço que funciona como escritório, não há PC, pois o sistema operativo está na nuvem. Com o smartphone e uma doca, é possível aceder a um computador virtual e no qual pode-se executar qualquer programa, inclusive os mais ‘pesados’. E, mais uma vez, sem qualquer engasgo.
E se alguém já tivesse um smartphone com suporte para redes 5G, então podia experimentar velocidades de acesso à internet superiores a 1Gbps – nos seus testes, a Huawei tem conseguido com que as velocidades de download cheguem aos 1,6 Gbps, o que é mais do que dez vezes superior à velocidade média normal que um utilizador consegue atingir nas redes 4G disponíveis em Portugal.
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Todo este facilitismo, toda esta falta de equipamentos dedicados, todas estas experiências multimédia, só são possíveis porque a suite presidencial está recheada com equipamentos que garantem a cobertura de rede 5G e que na cidade de Shenzhen ainda está em fase de testes.
Dito assim pode parecer que o 5G não vai mudar muito a vida de um hotel, mas os seus donos estão convencidos justamente do contrário. “Queremos ser os primeiros porque pode ser uma vantagem no futuro. Vamos trazer isto para outro hotéis”, disse Daniel Arbenz, diretor-geral do InterContinental em Shenzhen, num encontro com jornalistas.
Questionado sobre quanto custou este investimento na tecnologia 5G, o responsável recusou revelar um número, dizendo apenas que é uma aposta conjunta de vários parceiros – e que incluem a tecnológica Huawei e o operador local China Telecom. A questão do preço também não está definida. “Vamos ver como isto vai ter impacto no preço. O que queremos é acrescentar valor”.
Cai Yun, que é a secretária-geral do comité cultural de turismo da associação de chinesa de imobiliário, considera que “estamos a passar da necessidade básica de alojamento, para outras necessidades de conforto”. “O 5G dá experiências avançadas e imersivas de entretenimento aos clientes”.
A responsável acredita que o The InterContinental vai funcionar como um barómetro para a restante indústria hoteleira e que vai ser “uma referência para o turismo”.
Se por agora a tecnologia 5G está a ser usada apenas no interior do hotel, assim que as redes 5G forem lançadas em Shenzhen, o objetivo vai passar pela criação de uma plataforma de serviços que permita ligar o The InterContinental às infraestruturas que existem à sua volta na cidade, seja o metropolitano, seja um recinto desportivo.
“A comercialização do 5G está a chegar, penso que ainda esta ano vamos ver mais hóteis na China com 5G. E só vais precisar de um telefone para tirar partido de tudo isto”, sublinhou Peter Zhou, diretor de marketing para a área de soluções wireless da Huawei.
Shenzhen ganhou assim mais um argumento que segurar o título de uma das cidades mais tecnológicas do mundo.
* A Insider viajou para Shenzhen a convite da Huawei
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