Google removeu 2,3 mil milhões de anúncios em 2018. E diz-nos como quer ‘limpar’ a internet

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Foto: REUTERS/Charles Platiau

Tecnológica mudou de estratégia e agora está a atacar diretamente a fonte dos anúncios que violam as suas políticas de utilização, o que resultou no bloqueio de um milhão de anunciantes.

A Google removeu 2,3 mil milhões de anúncios ao longo do ano de 2018, revela esta quinta-feira a empresa na mais recente edição do seu relatório de transparência dedicado à publicidade digital. Isto equivale à remoção de seis milhões de ‘anúncios maus’, como a empresa lhes chama, todos os dias.

“Os anunciantes estão a perguntar-nos sobre fraudes em anúncios, como é que sabem que são pessoais reais a olhar para os anúncios. Para endereçar essas questões, temos este relatório de transparência”, disse Mark Howe, líder da Google na EMEA para a relação com a indústria dos anunciantes, numa videoconferência com jornalistas europeus na qual a Insider/Dinheiro Vivo participou.

Em 2018, a Google decidiu mudar de tática e passou a atacar diretamente a fonte de origem dos ‘anúncios maus’, o que levou ao bloqueio de um milhão de contas na sua plataforma. Isto também ajuda a explicar o porquê de o valor de anúncios removidos em 2018 ter sido inferior ao alcançado em 2017 – na altura foram comunicados 3,2 mil milhões -, o que revela a eficácia da estratégia.

“Isto ajuda a chegar à raiz do problema e permite-nos proteger melhor os nossos utilizadores. O que sabemos é que uma conta maliciosa pode gerir milhares de anúncios. Ao tomarmos uma ação contra a fonte do problema, conseguimos ser muito mais eficazes”, considerou o responsável.

“Infelizmente, os agentes maliciosos vão existir sempre. Vemos que os burlões online estão sempre à procura de formas eficazes de fazerem dinheiro ao manipularem o sistema. Por muito que façamos, os burlões vão mudar os seus métodos à medida que a nossa tecnologia e as nossas políticas mudam e à medida que as tendências de consumo mudam”, acrescentou ainda.

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Para apertar a malha à atividade dos burlões, a Google acrescentou mais de 30 novos critérios de análise à publicidade digital e 330 novos classificadores automáticos. “Para atingir isto duplicamos os esforços em aprendizagem automática, que consegue identificar anúncios e contas de anunciantes que potencialmente estão a violar as nossas políticas”, explicou Mark Howe.

Um exemplo desta ação são os 58 milhões de anúncios que continham software malicioso e que nunca chegaram a ficar disponíveis online.

“Continuar a combater e a encontrar anúncios maus através da tecnologia, da intervenção humana e com transparência é essencial para criar um web aberta e sustentável e um ecossistema seguro de publicidade. (…) O nosso objetivo é chegar a zero anúncios maus”.

A Google não revelou, no entanto, dados sobre plataformas mais específicas como o YouTube ou qual o perfil e a origem dos tais agentes maliciosos que foram bloqueados em 2018.

Luta contra as fakes news e pelas eleições europeias

Apesar de todos os esforços feitos pela gigante norte-americana, continuam a existir problemas graves associados aos anúncios online. Sustentar e distribuir desinformação e proteger atos eleitorais são dois dos maiores desafios que a Google enfrenta atualmente.

Na área das chamadas fake news, Mark Howe não revelou quanto é que os sites de desinformação já ganharam através da plataforma de publicidade da Google. “O que estamos a tentar alcançar é fazer com que seja zero”, referiu o executivo.

Nesta área específica, a Google removeu anúncios em 1,2 milhões de páginas web no último ano, em mais de 22 mil aplicações e em quase 15 mil sites.

“Usar uma variedade de políticas e de tecnologias para garantir que os nossos anúncios suportam publicações legítimas e de alta qualidade. É essencial para uma web aberta e de discurso livre nós suportarmos publicações de alta qualidade”.

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Já ao nível das eleições, a Google diz que vai ter um mecanismo especial para as eleições europeias deste ano para o controlo de anúncios políticos.

A gigante de Mountain View também vai revelar, depois das eleições, um relatório de transparência específico sobre anúncios políticos que tiveram como tema as eleições europeias e que terá dados isolados por país. “Nesse relatório de transparência, vamos mostrar os mecanismos de financiamento para os anúncios políticos que foram servidos”.

A Google adianta ainda que após as eleições europeias, este mecanismo dedicado para a verificação de anúncios políticos vai ser alargado para outras eleições, mas a empresa não confirmou se Portugal – que em 2019 tem outros dois grandes atos eleitorais – estará entre os contemplados.

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