Com milhares de milhões de utilizadores, o Facebook vê-se a braços com a necessidade de tomar medidas para anúncios políticos e contas falsas, para proteger momentos eleitorais.
“Quando comecei o Facebook, não estava a tentar criar uma empresa global.” A afirmação é de Mark Zuckerberg, o criador e diretor-geral do Facebook, num artigo de opinião para o Wall Street Journal.
A 4 de fevereiro de 2004, o então TheFacebook começava como um projeto dentro do mundo universitário, partindo de Harvard para mais universidades da Ivy League, a elite da formação norte-americana. De jovem prodígio da tecnologia, Zuckerberg viu-se à frente de uma das empresas mais poderosas do mundo: a rede social com maior número de utilizadores. No total, são já mais de 2,32 mil milhões de utilizadores ativos mensais.
Ao longo de 15 anos, a criação de Zuckerberg tornou-se não só uma revolução na forma de comunicar mas também um verdadeiro fenómeno da cultura pop, dando origem a filmes em Hollywood, como A Rede Social, em 2010. A película tornou célebre a frase “não se chega a 500 milhões de amigos sem se fazer alguns inimigos”. E, ao longo dos últimos anos, a lista de inimizades não parou de aumentar. Um dos mais recentes é um antigo conselheiro e investidor de Silicon Valley, Roger McNamee, que ajudou a criar o Facebook e agora diz sentir-se “desiludido e envergonhado”.
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Na adolescência, o Facebook vê-se a braços com as dores de crescimento. O aumento exponencial do número de utilizadores obriga a uma constante inovação para os conseguir reter e manter interessados. Junto das faixas mais jovens de utilizadores, a concorrência de outras aplicações sociais está a afetar o Facebook, que perde o encanto para uma geração mais nova. Segundo dados do Pew Research Center, válidos para os Estados Unidos, os jovens entre os 18 e os 29 anos são quem mais dizia ter apagado a aplicação da rede social dos seus smartphones (44%) em 2018. Na Europa, há cada vez menos utilizadores para conquistar também.
Além disso, o Facebook enfrenta ainda uma pressão crescente ligada às questões de privacidade e à maneira como os dados pessoais são geridos, com Bruxelas e Washington atentas às movimentações da rede social, principalmente depois do caso Cambridge Analytica. Pela voz de Christopher Wylie, que ficou conhecido como o delator deste caso, o mundo ficou a conhecer o poder dos dados para influenciar momentos eleitorais decisivos. Tanto que já teve de tomar medidas.
Proteger as eleições
O caso Cambridge Analytica trouxe a público o poder que as mensagens que vão ao encontro dos gostos e visões políticas dos utilizadores, no momento certo, podem ter uma forte influência em momentos políticos. Além disso, também as notícias ou as contas falsas, criadas com o intuito de partilhar desinformação ou informações políticas que possam prejudicar ou favorecer candidatos políticos, são motivo de preocupação.
Uma das medidas adotadas pelo Facebook para lutar contra as contas falsas recorre a inteligência artificial. Até novembro de 2018, o Facebook tinha apagado mais de 1,5 mil milhões de contas falsas. Na tentativa de proteger as eleições para o Parlamento Europeu, a rede social anunciou que está a tomar medidas preventivas.
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“Proteger a integridade das eleições e garantir que as pessoas tenham voz é uma das principais prioridades do Facebook”, é explicado, acrescentando que será disponibilizado, a partir de março, um conjunto de ferramentas para garantir a veracidade dos anúncios políticos que chegam à rede social e garantir a transparência.
Passarão a ser pedidos dados aos anunciantes, que precisarão de confirmar identidade e dar mais informação sobre os anúncios que querem publicar. A juntar a isto, também está prometida a expansão do programa de verificação de factos, que irá passar a pente fino os conteúdos partilhados em 16 idiomas.