Mulheres são duas vezes mais vulneráveis a perder os seus empregos para os robôs, de acordo com novo relatório. Descubra as profissões ameaçadas.
Parece até tema de um filme de ficção científica, mas não é. Os empregos em geral estão cada vez mais vulneráveis às ameaças do uso da inteligência artificial. Tem isso em conta, alguns institutos e grupos independentes estão a debater a questão relativa à tecnologia e sua influência no mercado laboral mundial. O Institute for Public Policy Research (IPPR), no Reino Unido, formulou um conjunto de reivindicações em prol da proteção dos empregos das mulheres, publicado esta terça-feira.
O aumento do surgimento dos robôs, a inteligência artificial e as tecnologias cognitivas podem afetar os salários e o nível de riqueza de homens e mulheres. Além disto, podem, inclusive, aumentar as desigualdades entre os géneros. Apenas uma em cada 10 mulheres está empregada em trabalhos com alto teor de conhecimento tecnológico. Estas mulheres não sofrem a ameaça da perda de emprego, segundo relatório do Institute for Public Policy Research (IPPR).
Para o resto das mulheres, a realidade é outra. Várias funções estão a ser eliminadas e muitas mulheres estão a perder os seus empregos devido aos avanços tecnológicos. Os trabalhos que estão em maior risco de extinção incluem: assistentes de cozinha e de catering, profissionais de limpeza, embaladores, empregados de mesa e funcionários de bar, de acordo com a análise do IPPR, que utilizou dados governamentais.
O relatório pede a intervenção dos governos, dando o alerta de que as mudanças tecnológicas e a crescente concorrência global impulsionam o declínio económico em partes da Grã Bretanha e dos EUA, e ajuda a alimentar o apoio ao Brexit e a Donald Trump.
Leia também | Robôs ‘made in Portugal’ ajudam a distribuir refeições no Hospital de Braga
O IPPR reivindica um maior apoio às mulheres para garantir que a automação não significa a perda dos seus empregos ou o aumento da desigualdade de género no futuro. As propostas incluem a ‘reciclagem’ para novos empregos, o aumento da incorporação feminina nas disciplinas ‘STEM‘ (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) nas escolas e a presença na indústria da tecnologia. Além da introdução de um salário mínimo mais alto para pressionar as empresas a melhorar a produtividade delas.
O relatório também sugere que os imigrantes, pais solteiros, jovens e qualquer pessoa que trabalhe num regime de meio período estão expostos a uma grande probabilidade de ter os seus empregos substituídos por mecanismos automatizados no futuro.
“Sem intervenção política, a automação corre o risco de reproduzir e ampliar as desigualdades existentes na economia”, alerta o relatório.
Carys Roberts, economista-chefe do IPPR, acrescentou: “Com a intervenção, todos, inclusive as mulheres, vão poder partilhar os ganhos de produtividade que a automação traz, tanto financeira quanto na forma de tempo de qualidade fora do trabalho. E vão também poder aceder aos bons empregos na economia futura. Um futuro mais igual ao género não acontecerá espontaneamente.”
Zuckerberg quer debates para discutir a tecnologia na sociedade