O aviso é deixado por Richard Kramer, managing partner da Arete Research, uma empresa independente que faz análise ao mercado tecnológico. Durante a intervenção feita durante o TIP Summit, em Londres, deixou vários avisos relativamente ao estado da indústria das telecomunicações.
Kramer trabalhava num grande banco de investimento e, em 2000, fundou a Arete Research – “uma empresa livre para dizer a verdade”, apontou, acrescentando que a empresa se foca em questões de transparência relativamente ao mercado tecnológico.
“Não acreditem em muito do ‘hype’ que há à volta da tecnologia”, avisa Kramer, que várias vezes é citado como um dos nomes fortes para ‘farejar’ tendências e destinos do mercado tech. Sem papas na língua, Kramer aponta que há “bolhas em tudo o que vemos” – e que não se ficam apenas pelo mercado imobiliário.
O 5G é várias vezes referido como o próximo grande capítulo naquilo que à ligação à rede diz respeito. “Mas o que é que representa o 5G?”, perguntava Kramer, enquanto avançava rapidamente entre ‘slides’ da apresentação. “É como uma receita: há uma grande variedade de redes, que aqui funcionam como os ingredientes. Mas o que é difícil é conseguir juntar tudo numa receita completa e chegar a algum lado” exemplificou, acrescentando que, na sua visão, ainda demorará algum tempo até o 5G ser algo concreto.
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“Os dados crescem a 60% ao ano, de uma forma consistente”. Mas, se muitas vezes o conceito de Internet of Things é apontado como uma das razões para o aumento exponencial dos dados gerados, Kramer é mais cauteloso no que toca ao papel do IoT nesta lógica. “O IoT é ainda demasiado reduzido para ter um papel transformador na indústria. São 250 milhões de dispositivos numa indústria composta por quatro mil milhões”, exemplificou.
Mas não é só no IoT que o analista acredita que há sobrevalorização do conceito. “IA são as duas letras mais sobreutilizadas no mundo tecnológico e que são usadas de forma aleatória”, exemplifica, ainda antes de chegar ao termo blockchain. “Ora aí está outra palavra que também é atirada ao ar constantemente”.
“A próxima grande coisa na nossa cabeça é o vídeo. E os vídeos hoje são só em 1080p, porque quando aumentar o número de vídeos em UHD e 360º, o aumento dos dados vai ser ainda mais notório”. Para o analista da Arete Research, há ainda muitas mais oportunidades para apostar no vídeo – algumas que ainda nem estão bem concetualizadas. Como exemplo, foca-se em algo que é importando de um universo mágico – nada mais nada menos do que Harry Potter. Na saga do jovem feiticeiro, todas as fotografias incluíam movimento – seja em jornais, livros ou pinturas. Para o managing partner da Arete, um dos caminhos pode
bem passar por aí.
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Também presente nesta análise ao estado das telecomunicações esteve Andrew Beale, co-fundador da Arete Research, que referiu que “a principal alteração nos últimos tempos foi a passagem de uma sociedade em que tínhamos de ter consciência dos dados, porque havia restrições, para hoje, em que podemos fazer tudo”.
Ambos os analistas concordam que há que se preparar a estrutura para “o crescimento de dados, que está à beira de explodir: vem aí o aumento dos dados, a IA, mais 4K… e é preciso trabalhar na estrutura para tal”. “Há dinheiro para investir, isso é certo”, garantiu Richard Kramer.
A jornalista viajou para Londres a convite do Facebook