E ao 8º aniversário, o Instagram pode nunca mais ser o mesmo

O Instagram está muito diferente daquilo que era quando começou em 2010 – não só no aspeto da aplicação, como também enquanto rede social e empresa. No dia em que se assinala o oitavo aniversário da plataforma, os desafios do Instagram são maiores do que nunca: é a rede social do momento, acabou de perder os seus fundadores e a ligação ao Facebook promete continuar a dar que falar.

Numa altura em que o todo poderoso Facebook parecia não dar hipótese às restantes redes sociais, incluindo nomes bem estabelecidos como Twitter, LinkedIn, Tumblr e YouTube, dois jovens decidiram arriscar. Kevin Systrom e Mike Krieger tinham um conceito diferente na manga: um serviço, exclusivo para smartphones, de partilha e edição de fotografias.

Um ano depois e apenas com seis funcionários, já tinham conquistado dez milhões de utilizadores. Eram, acima de tudo, amantes da fotografia. O Instagram assumia-se como o local de excelência para partilhar as cada vez melhores imagens que os dispositivos móveis permitiam captar.

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Além de imagens registadas por quem ‘tinha olho’ e jeito, a aplicação disponibilizava um conjunto de filtros que davam um aspeto único às criações dos utilizadores. Em vez de ser complicado e pesado como um Photoshop, o Instagram dava nova vida às fotografias em apenas alguns segundos.

Junte-se a isto o facto de só permitir partilhar fotografias de aspeto quadrado, fazendo lembrar as antigas Polaroid, e havia ali um misto de talento, irreverência, nova tecnologia e saudosismo. O Instagram prometia, mas também podia não passar daquilo.

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Quando lançou a versão para smartphones Android, em 2011, essa foi a altura em que o Instagram deu o salto. Se já estava no radar de todos, o rápido crescimento da plataforma mostrou que não era só uma rede social ‘cool’ destinada para ‘geeks’ da fotografia – milhões de pessoas de todo o mundo queriam juntar-se a esta tendência. E acima de tudo, queriam algo diferente do Facebook, do Twitter e de todos os outros grandes nomes das plataformas sociais que estavam habituados a usar.

Oito anos para a frente e o Instagram já não é o que era. Continua a ser casa para perfis de criações espetaculares na área da fotografia, mas é muito mais do que isso. O Instagram aproxima-se agora, em conceito e em funcionalidades, muito mais de um Facebook. Está mais completo, mais viciante também. As pessoas partilham lá os seus desabafos, as suas alegrias e os seus gostos.

Também partilham lá o seu dia a dia – as Instagram Stories vieram mudar por completo o jogo, numa altura em que o Snapchat prometia fazer ao Instagram o que o Instagram prometia ter feito ao Facebook, isto é, roubar-lhe mediatismo.

Só não aconteceu no caso do Instagram porque o Facebook chegou-se à frente com mil milhões de dólares em 2012. Na altura Kevin Systrom e Mike Krieger disseram que sim, convencidos de que o Facebook lhes traria uma escala que sozinhos poderiam demorar anos e anos a conquistar. Estavam certos.

No seu oitavo aniversário, a rede social tem mais de mil milhões de utilizadores por mês, dos quais 500 milhões usam a aplicação todos os dias.

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Mas a história não se faz só de números. Na semana passada, os dois cofundadores do Instagram anunciaram a sua saída do Facebook. Segundo a publicação TechCrunch, por terem perdido independência para a gestão de topo do Facebook.

A gigante norte-americana fundada por Mark Zuckerberg foi rápida a responder: escolheu Adam Mosseri, um ‘homem da casa’, para gerir os destinos daquela que é, a par do WhatsApp [também do Facebook] e do YouTube [da Google], as grandes plataformas sociais do momento.

Fundadores são sempre fundadores e têm uma visão da sua plataforma que outros poderão não ter. Isto não significa que o Instagram vai parar de crescer, pois os números têm estado em crescimento acelerado desde a sua fundação, mas pode significar uma mudança de rumo para a plataforma.

Os primeiros sinais de fumo parecem já ter começado a surgir. Segundo a publicação Fast Company, o Facebook terá começado a testar uma nova funcionalidade que usa dados da localização dos utilizadores com base no Instagram. A polémica ainda é recente, mas que tem havido uma crescente integração de funcionalidades entre as duas redes sociais, inclusive na sincronização de contactos, lá isso tem.

É por isso que este bolo de oitavo aniversário do Instagram acaba por ser agridoce: por um lado a rede social atravessa o seu melhor momento de forma de sempre e nada parece indicar que isso vai mudar; por outro, a saída dos fundadores e as polémicas de privacidade em que o Facebook tem estado envolvido podem afetar de alguma forma a sua reputação.

Se o Instagram mudou por completo nos últimos oito anos, o que esperar dos próximos oito?