O gigante norte-americano lança cartões de débito para condutores e de crédito para utilizadores, criando serviços financeiros para tentar ter novas formas de reduzir os prejuízos.
A Uber é sinónimo de transporte urbano. À primeira vista transporta pessoas do ponto A ao ponto B, seja num automóvel chamado por app (ridehailing) e conduzido por outra pessoa ou por carro autónomo que anda sozinho ou táxi aéreo (estas duas últimas ainda não são serviços disponíveis).
Agora o gigante tecnológico que teve mais de 5 mil milhões de dólares de prejuízo o ano passado anunciou que está a criar uma nova divisão chamada Uber Money, para lidar com seu crescente negócio de serviços financeiros. O novo grupo irá supervisionar tudo, desde as ofertas de cartões de crédito e débito da empresa, carteiras digitais para utilizadores e produtos usados pelos condutores para serem pagos rapidamente.
Logo à partida, os condutores da Uber terão uma maneira mais fácil de obter o dinheiro que ganham em viagen, de forma instantânea, diz a empresa. Normalmente, os condutores aguardam por pagamentos semanais ou tentam ser pagos usando um recurso chamado Instant Pay.
Agora, condutores e outros trabalhadores freelancers, como quem faz as entregas no serviço Uber Eats, terão “acesso em tempo real aos seus ganhos após cada viagem pela conta de débito da Uber”, diz a empresa. Essa conta bancária móvel significa que os mais de 4 milhões de motoristas e pessoas que fazem entregas da Uber podem receber o dinheiro instantaneamente após cada viagem ou entrega.
Neste momento, os condutores nos EUA (vão-se seguir em breve os dos outros países) podem-se inscrever para terem um cartão de débito gratuito vinculado a uma conta fornecida pela Green Dot, uma empresa financeira e de holding financeira com sede em Pasadena, Califórnia. A Uber também oferece aos motoristas que se inscreverem, o chamado cashback para o combustível entre 3% e até 6%, para o nível de condutores Uber Pro (pode variar consoante os países).
A carteira digital, que a Uber diz que permitirá aos motoristas “rastrear facilmente o histórico de ganhos e gastos, gerir e movimentar o dinheiro e descobrir novos produtos financeiros da Uber num só lugar”, começa a ser lançada na app do motorista da Uber nos próximos semanas.
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E o que significa isto para a Uber?
Embora as tentativas da Uber de enveredar pela área financeira não sejam novas, a divisão Uber Money e a integração de serviços na app mostram um caminho importante na tentativa da empresa ganhar a confiança dos investidores. A verdade é que a Uber tem estado sobre fogo e, no caso dos analistas e investidores, o motivo deve-se aos prejuízos enormes – o ano passado, ano do IPO, superou os cinco mil milhões de dólares – e também por não se verificarem novas possíveis fontes de rendimento.
Estes serviços financeiros respondem a isso, mas também tentam dar resposta aos condutores da Uber em dificuldades (nos EUA já relatos de vários com problemas financeiros e que lutam para pagar as contas). Outra das críticas feitas à empresa é a forma como considera os seus condutores não como funcionários, mas como empresas prestadores de serviços.
A Califórnia já aprovou, inclusive, novas leis que podem afetar a operação da Uber nesse domínio – deverá obrigar a Uber a ter os condutores como funcionários.
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