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O primeiro smartphone com ecrã dobrável chegou esta segunda-feira a Portugal. Pusémos à prova durante alguns dias o Samsung Fold, numa utilização normal e sem pensar muito no preço de 2049 euros. Eis a experiência em texto e em vídeo.

Chama-se Samsung Fold e é o primeiro de uma nova categoria de telemóveis que se transformam em mini tablets, graças a um ecrã dobrável. A Samsung inclui um serviço premium, com linha de apoio dedicada e deverá ser o primeiro produto de uma categoria que terá novas configurações nos próximos meses, com novos modelos. Entretanto, no início do ano deve chegar o Motorola Razr, uma reinterpretação do modelo-concha, mas com ecrã dobrável.

Os avisos

Mal começamos a utilizar o Fold temos uma nota que nos alerta para o facto de estarmos com um telefone com um ecrã diferente do habitual e mais frágil. A Samsung indica no próprio aparelho, numa mensagem chamada “Antes de Começar”, o que não se deve fazer. “Não permita a entrada de líquidos ou pequenas partículas no mesmo”, diz o primeiro aviso, seguindo-se: “evite premir com força no ecrã, toque suavemente para o manter seguro”, e “quando dobrar o telefone, certifique-se de que não existe nada no seu interior, como cartões ou moedas ou chaves”. Nem tão pouco se deve colocar películas de proteção ou remover aquela que o ecrã principal já tem. 

Com um ecrã mais pequeno de 4,6 polegadas, para quando está fechado, e um maior de 7,3 polegadas para quando está aberto, começarmos a utilizar salta à vista a dobradiça de grandes dimensões, mas que parece bem sólida, o pequeno ecrã pouco prático para escrever e, claro, o modo “livro”. Isto porque o Fold abre tal e qual um livro, tornando-o num aparelho bem diferente daqueles que estamos acostumados na era do smartphone, iniciada pela Apple em 2007. E é abrindo o aparelho que tem ímanes nas pontas (chega a ser viciante ouvir o barulho do abrir-fechar) que somos presenteados com um ecrã enorme, digno de um mini tablet já capaz de oferecer uma experiência multimédia bem melhor do que os phablet. 

Na verdade, depois de nos habituarmos ao ecrã maior, é difícil voltar para um smartphone convencional. O único senão é que a experiência como mero smartphone não é tão conseguida (por termos um ecrã pequeno muito reduzido) quanto a de mini tablet.

Nota também para o ecrã principal AMOLED com cores bem vivas e que mantém o nível elevado no que a Samsung já nos habituou, isto apesar de ser menos sólido do que o vidro não dobrável dos telefones mais convencionais. É visível a olho nú a zona de dobra e também se sente ao passar o dedo, mas nada que tenha prejudicado a experiência que ganha muito com a possibilidade de ter várias janelas abertas, fazendo uso completo do ecrã. A nível de software, a continuidade entre começarmos a fazer algo no ecrã pequeno e continuar a tarefa no ecrã grande funciona quase sempre bem, mas sentimos alguma falta de um atalho para usar mais facilmente o ecrã maior só com uma mão. 

Gigante estreito no bolso

Para um bolso de calças típico. o Fold cabe sem grandes problemas, embora bolsos mais pequenos vão manter o smartphone de fora. O facto de ser mais estreito do que um smartphone normal ajuda a transportá-lo na mão, mesmo que seja mais grosso. Apesar da dimensão do ecrã principal, é fácil usá-lo apenas com uma mão se estivemos só a fazer scroll no Instagram, Twitter ou Facebook. Para tirar fotos, é mais prático no modo fechado, mesmo que o ecrã pequeno seja limitado para se visualizar a foto que estamos a tirar.

Na utilização que fizemos, durante alguns dias, não limitámos muito a utilização, colocando-o no bolso e fazendo um uso relativamente descontraído, apesar dos avisos. Ainda assim, em certas situações há a predisposição para não arriscar tanto quanto num smartphone convencional, especialmente algum receio com coisas como pingos de chuva ou pó – já que pode danificar o ecrã principal.

O novo modelo tem seis câmaras no total, duas de selfie (mais outra de selfie no modo fechado) e as três habituais que já conhecíamos do Galaxy S10 e que são do melhor que o mundo dos smartphones nos permite ter. Mesmo não tendo o zoom que o Huawei P30 Pro ostenta, tem uma qualidade de imagem em toda a linha notável e um sofware para brincar com fotos e vídeos surpreendente – como já tínhamos visto no Samsung Note10, por exemplo. 

Os superlativos 

As características superlativas não se ficam por aí. Pesa 263 gramas, tem um processador Octa-core Qualcomm Snapdragon 855 (7 nm) e impressionantes 512GB de espaço de armazenamento e 12GB de memória RAM. A bateria de 4,380mAh promete dar para dois dias de uso. Como parte do conjunto e da chamada “experiência premium“, além da linha telefónica de apoio 24h por dia, vem com uma capa protectora e os earbuds sem fios da Samsung, os Galaxy Buds.

Se o cliente partir o ecrã principal no primeiro ano de uso paga 149 euros para o substituir – a Samsung suporta o resto do valor (que não anuncia). Não há valor anunciado para o preço depois desse primeiro ano.

Resumindo, a Samsung tem um produto que inaugura um novo conceito inovador e com algumas vantagens interessantes num segmento parado há vários anos. Ainda assim, o preço bem elevado e a fragilidade aparente do ecrã principal tornam-no num produto premium, mais pensado para quem quer um produto único e distintivo, valoriza o ecrã maior e não se importa de pagar 2049 euros por um smartphone XXL.

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