Só em 2018, a tecnológica chinesa investiu mais de 13 mil milhões de euros em investigação e desenvolvimento. “Sem grandes avanços teóricos, a nossa indústria não tem futuro.”
A Huawei quer ser muito mais do que smartphones e infraestrutura para empresas de telecomunicações. É por isso que a gigante chinesa está a desenvolver e a apoiar investigações nas áreas de armazenamento de dados em ADN, fabricação atómica e computação ótica, revelou William Xu, diretor do conselho de administração e líder de marketing, num encontro com imprensa e analistas (HAS 2019), em Shenzhen, China.
“Precisamos de avanços teóricos. Sem eles, o desenvolvimento da indústria vai estar limitado, assim como o da Huawei. Estamos agora em território nunca explorado. Precisamos de fazer o nosso próprio caminho”, justificou o executivo sobre estas apostas futuristas da empresa.
Na área de computação ótica, a Huawei quer tirar partido das propriedades naturais da luz – cores, difusão, interferência – para aumentar até 100 vezes a Lei de Moore, que prevê uma duplicação da capacidade de processamento da informação a cada 18 meses e que na perspetiva da tecnológica tem os dias contados, mais concretamente em 2025.
“O que se segue depois da Lei de Moore? Como é que vamos encontrar o X no futuro? Precisamos de ter avanços teóricos antes de acontecerem a nível físico. E isso significa que todos esses desafios podem tornar-se em inovações”, detalhou William Xu.
Já sobre o armazenamento de dados em ADN, a Huawei considera que este é um dos tópicos mais importantes da atualidade. “Todos os anos a necessidade de armazenamento de informação aumenta. Há um novo formato de armazenamento e chama-se ADN. Um milímetro cúbico de ADN pode guardar 700 terabytes de dados. Mas há desafios, como a velocidade de armazenamento e processamento da informação. Tem grande potencial, mas temos de trabalhar com o resto da indústria”, sublinhou o porta-voz da empresa.
Recorda-se que recentemente também a Microsoft deu passos importantes nesta área de investigação, em conjunto com a Universidade de Washington, nos EUA, tendo criado a primeira máquina totalmente automatizada que guarda informação digital em ADN.
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A terceira grande área na qual a Huawei está a apostar é nos processos de fabricação. Agora que já há chips de processamento na escala dos dez nanómetros, a empresa está a começar a pensar na etapa que se segue. “E se existir uma tecnologia que consegue manipular e controlar os átomos individualmente? Se olharmos para uma perspetiva de fabrico, podemos juntar átomos em nanoestruturas. Isso significaria aumentar a capacidade de produção, é isto que pode acontecer com a fabricação atómica”.
Aposta nas universidades
A Huawei está a investir 300 milhões de dólares anualmente no apoio a diferentes investigações que são feitas em ambiente académico e esta é uma aposta que a gigante chinesa vai querer continuar a fazer.
“Precisamos de ter inovação aberta e a maior fonte de avanços teóricos são as universidades e institutos de investigação”, salientou William Xu, que considera esta relação como positiva para ambas as partes.
“Como sabemos, as pesquisas de futuro vão ter muitas incertezas e as universidades dominam. Vamos dar prioridade à nossa colaboração com as universidades”.
* A Insider/Dinheiro Vivo viajou para Shenzhen a convite da Huawei
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