Durante uma semana, a PHC Software ensinou duas dezenas de jovens a programar. A ideia da tecnológica passa também por dar a oportunidade de conhecer o mundo da programação – uma profissão com elevada taxa de empregabilidade.
Programar pode não ser para todos, mas há quem já tenha um interesse pela área, como mostra uma das salas das instalações da PHC, no Lagoas Park, em Oeiras. Durante as manhãs da primeira semana de férias da Páscoa, 23 jovens, dos 11 aos 15 anos, estiveram numa formação intensiva para aprender a programar, de uma forma lúdica e apelativa.
Este não é o primeiro ano da Academia PHC Junior, iniciativa integrada no PHC Cares, o programa de responsabilidade social da tecnológica que desenvolve software de gestão. A empresa realiza iniciativas do género desde 2016, mas este ano houve diferenças: o número de vagas disponíveis cresceu e, pela primeira vez, houve presença feminina na academia.
O número pode constituir ainda uma minoria, com quatro raparigas nesta ‘turma’, mas há quem já olhe para o panorama da tecnologia com outros olhos. Marta tem 14 anos e mostra na plataforma aquilo que já aprendeu, com vários desafios e níveis superados no ecrã do portátil. “Nunca tinha pensado bem nisto [da programação], mas estou a gostar”, explica, ainda que reconheça que já tinha sentido curiosidade em perceber como funcionam algumas das aplicações de smartphone que usa – como o Instagram, por exemplo.
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À semelhança do que aconteceu com Marta, também os pais de Gustavo, de 11 anos, viram o anúncio desta academia no Facebook e decidiram inscrever o filho. Ao lado do portátil, um caderno tem os esquemas para superar um dos desafios que lhe colocou a ‘cabeça em água’. “Era preciso pôr o herói a passar por cima de todos os pontos, não estava a conseguir, então tive de desenhar os esquemas”, explica.
Ricardo Parreira, o CEO da PHC Software, reconhece que o interesse parte muitas vezes dos pais. “Temos muito mais pedidos do que vagas, esta até foi a maior edição que já fizemos. Costumávamos fazer metade do tamanho, mas temos tido tanta procura que houve uma edição que esgotou numa hora”, explica.
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O líder da tecnológica recorda a sua própria experiência para explicar a motivação desta academia, que tem também como ambição a realização de uma edição no Porto. “Com 16 anos fiz um curso de programação e depois nunca mais saí – e quem me dera que toda a gente tivesse a oportunidade de fazer isto para ver se gosta. Se, numa experiência destas, um miúdo descobre que adora este mundo, isso é meio caminho andado”.
Além do objetivo de despertar o interesse para a programação, a PHC não esquece que há um aspeto garantido nesta equação: a empregabilidade. “Na abertura da academia, quando falei com eles, disse que o objetivo disto era perceber se eles gostavam de programação ou não. E, se gostarem, uma coisa garanto: vão ter emprego”. Ricardo Parreira acrescenta que os participantes podem ainda ser jovens para estas questões, mas os pais indicam o entusiasmo. “Claro que [o emprego] ainda não lhes diz nada, que são muito novos, mas os pais que estavam a assistir ficaram todos com os olhos brilhantes”.
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O CEO da empresa de software faz ainda questão de frisar outro ponto: “agrada-me muito ver mais miúdas na tecnologia, hoje em dia adoram este mundo. Programar é que é visto não muito como o filme delas… mas pelos vistos há interesse. Há miúdas e miúdos curiosos e isto não é um boys club, temos de abrir as oportunidades a toda a gente”.
Uma semana de trabalho diferente
Todas as academias são lecionadas por programadores da PHC. Carlos Martins repete a experiência de ter o papel de formador, numa experiência que diz ser “gratificante”. No total, são três formadores que ensinam aos mais jovens como é possível programar.
As formações foram dadas com um contexto lúdico, explica Carlos Martins. “É uma plataforma que funciona um pouco como um jogo. No fundo, partindo de um nível muito básico e a dificuldade vai aumentando, têm de dar ordens a um herói – e podem escolher entre as opções – depois vão dando ordens e instruções”.
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A plataforma usada é a CodeCombat, disponível à distância de um navegador web. O programador da PHC destaca que é uma solução “apelativa”. “É baseada em jogos que há por aí, em que há que lutar com ogres, salvar os aldeões, construir armadilhas para os inimigos lá caírem, construir barreiras… Achámos no ano passado que era a plataforma perfeita para esta iniciativa”.
Também Carlos Martins reforça que o grande objetivo da academia passa por “despertar a semente da programação. Mas faz questão de clarificar a ideia de que “não é só enfiar-lhes a programação à força”. “No fundo é deixar-lhes aqui a semente para a programação, com a perspectiva de que temos a noção de que o programador é uma função com uma empregabilidade de 100% hoje em dia – e que se vai manter nos próximos anos”.
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O formador não esconde que “é muito positivo haver raparigas no grupo, embora ainda seja um número reduzido”. Além disso, aponta que a representação feminina não demonstra apenas interesse – “nota-se também alguma capacidade da parte delas”, acrescenta. E qual é o balanço geral feito? “Noto-os muito interessados, explica Carlos Martins, que trabalha na PHC há cerca de 14 anos. “Ainda os vou sondar para perceber o que é que acham mesmo sobre a programação. Mas temos tido feedback dos pais, que dizem que vão entusiasmadíssimos para casa”.
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